O Ministério Público (MP) acusou quatro pessoas pelo homicídio de Jéssica Biscaia, a menina de três anos morta, no passado mês de junho, em Setúbal – a mãe da criança, Inês Tomás Sanches, 37 anos, é uma das acusadas. Além do crime de homicídio, Ana “Tita” Pinto (52 anos), o companheiro, Justo Montes (58 anos), e a filha de ambos, Esmeralda Montes (27 anos), vão ainda responder em tribunal por rapto, ofensa à integridade física e violação. Um quinto arguido, Eduardo Montes (28 anos) – filho do homem acusado de homicídio –, vai a julgamento por tráfico de droga e ofensas corporais agravadas.
Segundo acreditam as autoridades, Jéssica terá sido entregue pela sua mãe a Ana “Tita” Pinto, pelo menos, em três ocasiões diferentes, como penhor de uma dívida relacionada com tráfico de droga e serviços de bruxaria – a última das quais seria fatal para a criança.
Jéssica terá sido utilizada como “correio de droga” da rede de tráfico controlada pela família de Ana “Tita” Pinto – a criança terá acompanhado esta família em, pelo menos, três viagens até Leiria. De acordo com a acusação, os acusados chegaram a drogar e introduzir estupefacientes no ânus da criança, com vista a ludibriar as autoridades.
Posteriormente, Jéssica seria devolvida à sua mãe, tapada por um cobertor, o que permitiu esconder os hematomas. O relatório final da Polícia Judiciária de Setúbal indica que Inês Tomás Sanches terá ignorado deliberadamente os sinais de sofrimento da filha, demorado várias horas para lhe prestar apoio, contribuindo assim de forma decisiva para a sua morte. A criança ainda chegou a ser transportada para o Hospital de São Bernardo, em Setúbal, onde viria a falecer.
A morte de Jéssica Biscaia ocorreu no dia 20 de junho deste ano, mas, como avançou a VISÃO, a criança de três anos estava sinalizada pela Comissão de Proteção de Crianças desde 2019. O processo seria, porém arquivado no final de maio – no mês anterior ao da sua morte – por “não haver sinais de perigo”.