Navegando pelos meandros dos estereótipos, lembramo-nos logo das oficinas de automóveis e dos seus clássicos calendários com fotografias de senhoras de peitos generosos que se oferecem aos nossos olhos. No entanto, é um facto que são, nestes tempos atuais, imagens do mais politicamente incorreto que há, assim expostas ao grande público, impensáveis nas novas oficinas dos franchisings que se espalham pelo país.
Podemos é fazer a experiência de comprar este calendário do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, que custa 10 euros, e levá-lo para o nosso local de trabalho. É por uma boa causa, já que a receita reverte na totalidade para a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, no âmbito da campanha Emergência Alimentar. E até podemos mostrar aos nossos “clientes, fornecedores e amigos” o vídeo do “making of”.
Tudo isto é ironia. Mas o nosso país não é exceção nesta moda de lançar calendários solidários, despindo a camisola e mostrando homens com as suas profissões “sexy” (e voltamos ao estereótipo), de polícias a bombeiros, não esquecendo os pastores da Serra de Estrela que, nos idos de 2017, também se mostraram no seu ofício. Aliás, esse ano foi profícuo em solidariedade. Tivemos os agricultores de Barcelos. Ou os bombeiros sapadores de Setúbal, que foram dos primeiros em Portugal.
Lá fora, são os australianos que dão cartas, arrecadando milhões de dólares para as mais variadas causas. O calendário deste ano está aqui para ser espreitado e apreciado.