18 horas de sexta-feira em Nova Iorque. Quatro graus, sensação térmica de 1 grau e aviso de neve para as 19h00 (que não chegou). Temia-se que o frio dissuadisse as habituais multidões em Times Square, mas depressa rapidamente se tornou claro que não era o caso.
Depois de, em 2018, o Turismo de Portugal ter levado as ondas gigantes da Nazaré a Times Square, o País voltou a estar em grande destaque nos ecrãs gigantes da emblemática praça nova-iorquina, esta sexta-feira.
Eram, então, 18h00 em Nova Iorque, mais cinco em Lisboa, quando foi revelado ao público o segredo que desde o início da tarde suscitou grande curiosidade aos transeuntes, graças às movimentações para esconder o que se iria passar horas depois num palanque envolto num pano vermelho junto às escadas de Times Square: o lançamento da mais recente figura de cera a residir no Madame Tussauds de Nova Iorque, Cristiano Ronaldo.
A obra seria depois transferida para um espaço interativo no museu dedicado ao atleta português – The CR7 Experience, onde estão suspensas três bolas à altura que o capitão da seleção nacional saltou em três ocasiões distintas da carreira (por curiosidade, a mais baixa está a 2,42m e corresponde a um cabeceamento no Portugal – Gales de uma das meias-finais do Euro 2016). Desvendado o mistério, depois de o próprio Cristiano Ronaldo aparecer nos 15 outdoors digitais da praça que foram tomados de assalto para esta iniciativa a fazer a contagem decrescente para o momento) durante uma hora, só deu Portugal em Times Square. Nos ecrãs gigantes sucederam-se imagens de 24 locais, de norte a sul do País, entre aldeias, monumentos e praias (da Ericeira à Serra da Estrela, passando pelo MAAT, em Lisboa, até ao Alentejo, Algarve e ilhas), uma ação do Turismo de Portugal, que serviu para lançar um “forte plano de promoção do País” no mercado americano.
Com o mote “Close to US” (uma brincadeira linguística com a tradução de “perto de nós” e “perto dos Estados Unidos”, a iniciativa espera repetir e multiplicar o crescimento “evidente” do fluxo turístico dos EUA para Portugal registado depois do evento de 2018. Para já, as expectativas não podiam ser mais elevadas: o Turismo de Portugal estima que a ação atinja cerca de meio milhão de pessoas em todo mundo, contabilizando os presentes em Times Square e os que assistiram através dos meios de comunicação.
Dados do Turismo de Portugal mostram que, em comparação com 2019, o crescimento em número de hóspedes e dormidas de turistas americanos em Portugal cresceu este ano 21,6 e 22,4% respetivamente, o que se traduziu, entre janeiro e setembro deste ano, face ao mesmo período de 2019, num aumento de receitas turísticas na ordem dos 48 por cento. Estes valores fazem neste momento dos EUA o 4º principal mercado emissor para Portugal (a seguir a Espanha, Reino Unido e França) e o 5º em termos de dormidas.
Este novo plano de promoção do País nos Estados Unidos, que totaliza um investimento de cerca de 4.5 milhões, inclui uma campanha de marketing digital que passa por ter vídeos a passar em 3 mil ecrãs dos aeroportos de Nova Iorque, ao longo de um mês, conforme explicou à VISÃO Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal. As imagens, que, espera-se, sejam vistas por cerca de 12 milhões de pessoas, vão apostar na criação de paralelismos entre cidades portuguesas e norte-americanas, piscando o olho ao “fascínio”, nas palavras do responsável, dos americanos pelo enoturismo e pela arquitetura nacionais.
As contas aos dividendos deste final de tarde e da campanha que se segue só poderão ser feitas mais tarde. Mas, para já, ficam os momentos em que a sempre frenética Times Square fez um silêncio arrepiante para ouvir Ronaldo e entrever Portugal.