O secretário-executivo da organização da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 (JMJLisboa2023) considera que o encontro de jovens com o Papa, em agosto do próximo ano, “não é comparável com outras coisas que já se fizeram” no país.
Aos 37 anos, Duarte Ricciardi, gestor com passagens por empresas como a Deloitte, Mckinsey & Company ou Via Verde, é o secretário-executivo do Comité Organizador Local (COL) da JMJLisboa2023, e está à frente de uma equipa que já conta, só em Lisboa, com cerca de 500 voluntários.
“O convite apareceu para mim um bocadinho de surpresa. Foi um convite feito pelo cardeal-patriarca, pelo bispo Américo Aguiar e por todos os bispos de Lisboa, porque, no fundo, são eles os grandes organizadores ou os grandes responsáveis por esta organização. Eu tenho aqui um papel um bocadinho de agilizar, coordenar as várias equipas que estão a trabalhar”, explica à agência Lusa, adiantando que, além de Lisboa, há também muitas pessoas a trabalhar pelo país inteiro, em todas as dioceses, e prevendo que na semana da Jornada — entre 01 e 06 de agosto de 2023 — serão muitos milhares os voluntários.
“Na Jornada em si, tipicamente são dezenas de milhares de voluntários, portanto 20 ou 30 mil voluntários que poderão estar a trabalhar naquela semana, nas várias coisas, desde a organização até tudo o que é preciso fazer no terreno”, diz Duarte Ricciardi, referindo que estão no COL voluntários de várias nacionalidades, com destaque para os brasileiros e espanhóis, a que acrescem, “um bocadinho por todo o mundo, pessoas, nos seus próprios países, a alimentar as redes [sociais]” da JMJLisboa2023, o que poderá elevar a 30 ou 40 o número de nacionalidades já envolvidas na preparação do encontro de jovens com o Papa.
O COL tem sete equipas “que fazem tudo, desde a parte logística, pastoral, comunicação. São sete grandes áreas onde estão todos estes voluntários”, diz o gestor, para quem, “organizar um evento desta dimensão é único”, desde logo porque “todas as pessoas que estão a organizar a Jornada Mundial da Juventude de Lisboa nunca organizaram outra antes”.
“É um evento que não é comparável, em termos de dimensão, a outras coisas que se fizeram. Temos pessoas com prática em organizar eventos, temos pessoas com prática em gestão, temos pessoas com muita prática na parte pastoral, artística, na logística, etc., mas nunca nenhum de nós preparou uma Jornada”, reconhece Duarte Ricciardi, acrescentando que preparar o espaço junto ao Tejo e à foz do rio Trancão, onde vai decorrer a vigília de 05 para 06 de agosto e a missa final com o Papa Francisco no dia 06, só é possível “com muito apoio” das câmaras de Lisboa e de Loures e do próprio Governo.
Mais de uma centena de hectares de área a norte do Parque das Nações vão ser requalificados, dando lugar a um parque urbano em dois concelhos unidos por uma ponte pedonal sobre o Trancão que já está no início de construção.
Sem apontar um valor para o orçamento da JMJLisboa2023, Duarte Ricciardi diz que depende do número de pessoas, porque a maior parte do dinheiro gasto na Jornada tem a ver com a participação dos peregrinos.
“Os peregrinos precisam de se alimentar durante uma semana, portanto isto é altamente dependente do número de pessoas. Nós não temos neste momento uma previsão de orçamento. Os orçamentos das últimas jornadas variaram largamente. Houve orçamentos que foram três vezes superiores a outros, mas porque também a participação foi muito maior”, afirma.
“Serão alguns milhões [de euros], sim. Não avançamos números, pela simples razão de que de facto varia mesmo muito. Pode ir de poucos milhões a algumas dezenas de milhões”, sublinha, explicando que as obras de preparação do terreno estarão a cargo das autarquias e do Governo.
Ricciardi destaca o apoio das autarquias e do Governo, que “estiveram sempre dentro deste projeto desde a primeira hora, desde que isto começou, em 2019”.
“Desde quando se fez a candidatura até hoje, sempre sentimos muito apoio, tanto do Governo como das câmaras”, afirma.
Está a decorrer o trabalho do COL com as autarquias e o Governo na preparação de muita da componente logística, envolvendo “os vários serviços que vão ser importantes na segurança, na mobilidade, na higiene, na saúde”, entre outras áreas, de modo que tudo esteja a postos para que Lisboa receba mais de um milhão de jovens no verão do próximo ano.
Para já, de uma coisa, Duarte Ricciardi tem a certeza: “O legado que fica depois, os parques que vão ser criados aqui, é algo que agrada a todos. As pessoas que moram aqui vão ter, numa zona que atualmente é de pouca utilização, um grande parque público ao lado do rio. Acho que a perspetiva é espetacular”.
A isto soma-se “aquela alegria de ter aqui o Papa”, mas “aquilo que vai ser criado aqui vai ser transformador para ambos os concelhos”, garante.
JLG // HB