Chama-se Proxima d, é o terceiro exoplaneta (planeta fora do sistema solar) descoberto perto da estrela Proxima Centauri, a cerca de quatro anos-luz do Sol, e é o planeta menos massivo a ser detetado.
“O que sabemos sobre este planeta é que parece ter uma massa muito pequena”, de “cerca de um quarto da massa do planeta Terra, o que significa também cerca de duas vezes a massa de Marte”, disse à Lusa, João Faria, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IAstro), no Porto.
João Faria explicou ainda que este exoplaneta “orbita [a estrela Proxima Centauri] a mais ou menos metade da distância do que o outro que já era conhecido, o Proxima b”, demorando cinco dias a completar uma volta completa, e que, por isso, “é provável que esteja fora da zona de habitabilidade”.
“É improvável que tenha todas as condições necessárias para existir vida, mas isso é sempre uma dúvida que se mantém”, disse.
Essas condições passam por estar “à distância certa da sua estrela” e, dos planetas conhecidos na órbita da estrela mais próxima, o Proxima b “é o único que está nessa distância, dentro dessa zona de proximidade”, adiantou o investigador.
O Proxima d “será, em princípio, um planeta como Marte, ou parecido. Também não sabemos até que ponto é que este planeta terá atmosfera. É um bocadinho difícil ainda tirar outras conclusões sobre a sua habitabilidade, mas, em princípio, pelo menos pela distância à estrela, não serão as ideais”, concretizou o primeiro autor do estudo.
Para detetar um planeta tão leve, foi utilizado um espetrógrafo recente, o ESPRESSO, que serve para “distinguir as cores da luz de uma estrela” e faz parte do Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul (ESO), que está instalado no Chile.
“O ESPRESSO, que foi construído há pouco tempo, consegue fazer medições destes espetros com uma precisão muito elevada. Isso permite-nos ter acesso a uma medição da velocidade radial muito precisa, o que significa que podemos detetar planetas de muito pequena massa, como este que descobrimos agora”, contou o investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IAstro).
Um espetrógrafo divide a “luz da estrela nas suas várias cores” e “o que é preciso fazer é ver como é que este espetro está a variar, ou para comprimentos de onda vermelha, ou para comprimentos de onda azul, porque isto significa que a estrela se está a mover, está a variar de velocidade e, portanto, significa que pode existir um planeta na sua órbita”.
Além deste aparelho, contribuiu para a descoberta um método de análise de dados sugerido pelo estudante de doutoramento André Silva, que “ajudou a aumentar ainda mais a precisão”.
Com “esta redução dos dados”, em vez de se comparar “cada espetro da estrela com uma máscara que vinha de modelos teóricos”, são comparados “com o espetro A e o espetro B da mesma estrela”.
“Isto ajuda porque os modelos teóricos não são perfeitos para este tipo de estrelas, e quando comparamos os espetros entre si, obtemos maior precisão na medição da velocidade radial”.
Esta descoberta vem reforçar a ideia de que “os planetas de pequena massa, como a Terra, ou ligeiramente maiores, são muito comuns na galáxia” e isso “tem implicações sobre se há ou não possibilidade de desenvolver vida nesses planetas”.
“Deixa em aberto que, se existem vários planetas deste tipo, planetas como a Terra, então é mais provável que exista de facto vida nesses planetas”, concluiu João Faria.
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