Primeiro, foi um artigo de opinião publicado no France Inter. Ali se tentava explicar as razões para não estarmos a sofrer tanto com a pandemia como os nossos vizinhos, leia-se Espanha e Itália. É nessa análise que se aponta que, enquanto Espanha está severamente confinada e se decretou a interrupção de toda a atividade económica não essencial, em Portugal não está a ser assim.
Os portugueses, nota o autor, também estão confinados e os espaços públicos fechados, mas não há sanções nem é obrigatório um certificado de deslocação. “Os portugueses são tão disciplinados que a repressão é inútil”, segue Anthony Bellanger, historiador e jornalista, desde 2015 eleito secretário-geral da Federação Internacional de Jornalistas, a citar António Costa.
Depois de sublinhar que Portugal contabiliza 11 vezes menos vítimas mortais do que Espanha, Bellanger não tem dúvidas ao apontar as causas desta até agora baixa taxa de mortalidade: antes de mais, a decisão de encerrar fronteiras antecipadamente; depois, um baixo registo de casos importados.
“Portugal isolou-se ao mesmo tempo que nós [França], a 13 de março, enquanto os vários casos no seu território ainda podiam ser contados pelos dedos das mãos”, refere. “Muito à frente”, considera, elogiando a “autodisciplina” dos portugueses.
A concluir, uma nota também muito elogiosa à decisão de legalizar estrangeiros e acolher todos no sistema nacional de saúde, concluindo: “Portugal também está a ter mais sucesso em travar este surto devido à sua generosidade. (…)Todos protegem todos da Covid-19.”
Ecos que chegam ao outro lado do Atlântico…
Não demoraria para que esta análise fizesse eco do outro lado do oceano. Num artigo (também…) chamado “O mistério de Portugal. Na fronteira com Espanha tem muito menos casos do que o seu vizinho”, ali se elogia a aposta feita pelo governo.
A saber: permite atividades no exterior, como acompanhar menores durante curtos períodos de recreação ao ar livre e movimentar-se por curtos períodos de tempo, além das óbvias saídas para adquirir necessidades e serviços básicos.
“Além disso, está a pedir à população idosa e aos doentes crónicos para só saírem à rua em circunstâncias excecionais. “Poderá haver polícia a encaminhá-los de volta a casa, mas não estão previstas penalização mais duras”, lê-se no Newsmaker – antes de citar (mais uma vez) António Costa: “A população está a cumprir tão bem as recomendações que não é necessária uma tabela de sanções. Seria um insulto ao civismo demonstrada pelos portugueses.”
…e emocionam os estrangeiros que cá vivem
O mais recente elogio foi feito pelo embaixador britânico no nosso país. Ao The Portugal Resident, jornal dedicado àquela comunidade, residente no Algarve, Chris Sainty destaca a bondade, generosidade, cordialidade e alegria dos portugueses. “São diferentes de tudo que experimentei em qualquer outro lugar”, assumindo que essas qualidades são as que “permitirão a Portugal vencer a batalha contra esse vírus”.
Mas não só. As redes de solidariedade que cresceram e se multiplicaram um pouco por todo o lado também são alvo do seu aplauso. Destaque para “a dedicação, coragem e resiliência das pessoas nos serviços nacionais de saúde, nos serviços de emergência e em muitas outras ocupações da linha de frente”. E ainda a disponibilidade “para ajudar os idosos, os vulneráveis e os necessitados.”