Apesar de a Organização Mundial de Saúde ter declarado o estado de emergência global, os factos que se seguem mostram que não há razão para entrar em pânico por causa da atual epidemia causada pelo coronavírus identificado no início deste ano na cidade chinesa de Wuhan.
Quão mortal é o vírus?
A mortalidade do 2019-nCoV ronda os 2,1%, cerca de um quinto do número de mortos provocados pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que infetou mais de 8 mil pessoas e matou quase 800, entre 2002 e 2003.
No entanto, 2,1% é quase vinte vezes superior à mortalidade provocada pelo vírus influenza (gripe). Em números absolutos, significa que já morreram mais de 500 das quase 30 mil pessoas infetadas.
Até agora, três quartos dos casos mortais registaram-se na cidade chinesa de Wuhan, o epicentro da epidemia, que já atinge mais de duas dezenas de países.
A mortalidade na província de Hubei, à qual pertence Wuhan, é superior à média, cifrando-se nos 3,1%. Na cidade é ainda mais elevada: 4,9%.
Fora da China a mortalidade não ultrapassa os 0,16%, o que está em linha com o número de mortes habitualmente provocadas pela gripe comum (0,1%).
Os especialistas em saúde pública suspeitam que a elevada mortalidade na China se deva à dificuldade de acesso aos serviços de saúde e também a uma prestação de cuidados insuficiente. Por outro lado, existem igualmente suspeitas de que a mortalidade possa estar inflacionada porque muitos dos cidadãos chineses infetados não estarão a ser contabilizados (se fossem registados, a proporcionalidade do número de mortos seria menor).
A informação divulgada pelas autoridades de Pequim revela que 80% das vítimas do coronavírus têm mais de 60 anos e que muitas delas tinham outras doenças associadas, como diabetes.
Quais serão as consequências a longo prazo?
Se as autoridades de saúde não conseguirem conter o vírus até lá, é expetável que, com a chegada do verão, seja suprimido pelo calor.
Também existe a possibilidade de o vírus se tornar endémico, ou seja, de se disseminar pelo mundo e de continuar a circular entre os humanos. Já existem outros coronavírus endémicos – estima-se que sejam responsáveis por um quarto de todas as gripes -, mas, por vezes, também podem provocar doenças mais graves, como pneumonia.
Se o novo coronavírus se tornar endémico, é provável que os seres humanos desenvolvam imunidade contra ele e que se tornem menos vulneráveis à infeção, que poderá tornar-se semelhante à gripe comum.
Quais serão as consequências económicas?
A Goldman Sachs estima que o coronavírus possa reduzir o PIB da China no primeiro trimestre deste ano em 0,4% e o dos EUA na mesma medida, o que não é considerado uma hecatombe pelos analistas.
Mas também existem estimativas que preveem a perda de um ponto percentual do PIB chinês, insuficiente para causar um choque global, de acordo com os economistas.
A China é responsável por 16% do PIB mundial e é o motor de um terço do crescimento global.
Está é a prova de que vivemos num mundo cada vez mais perigoso?
Recentemente, um artigo na prestigiada revista alemã Der Spiegel alertava para o facto de a epidemia provocada pelo novo coronavírus mostrar o quão vulnerável é a economia interdependente do século XXI.
Mas desde o final do século XIX que as epidemias são uma preocupação, sobretudo na Europa.
Ao mesmo tempo que a globalização facilita a circulação dos patogénicos, também promove a cooperação internacional para os combater.
Em conclusão, este é mais um risco que precisa de ser gerido num mundo globalizado.