O alerta difundido na última semana pela Direção Geral de Saúde (DGS) sobre os perigos dos cigarros eletrónicos deixou a indústria do vaping e do tabaco aquecido de cabelos em pé.
Miguel Matos, diretor-geral da Tabaqueira, que comercializa um dispositivo de tabaco aquecido, fez saber, em comunicado, que “a comunidade médica deveria considerar cuidadosamente o impacto que mensagens imprecisas e incompletas poderão ter sobre aqueles que já mudaram para alternativas melhores do que continuar a fumar”.
À VISÃO, Dídio Silvestre, da Vaporizarte, empresa distribuidora para 90% dos cerca de 200 pontos de venda portugueses de cigarros eletrónicos e líquidos para vapear/vaporizar, diz que a DGS “ao generalizar” a questão “não está a proteger a saúde das pessoas”, mas sim a criar “alarme social”.
A DGS contesta esta visão. “Há uma situação para alertar, não alarmar”, diz Emília Nunes, do Programa de Prevenção do Tabagismo da DGS. O que a entidade fez, secunda, foi “informar os cidadãos, principalmente para os produtos ilegais” e para que as pessoas que utilizem estes aparelhos “cumpram as indicações dos fabricantes” e que “não consumam líquidos com THC” (o princípio ativo que dá o efeito psicotrópico da canábis).
O THC e o acetato de vitamina E são, até agora, as duas substâncias ligadas à morte de 48 pessoas e à hospitalização de mais de duas mil, nos EUA, com lesões pulmonares relacionadas com a inalação, através de cigarros eletrónicos, de líquidos adulterados. Há, também, um caso na Bélgica, de um jovem que morreu por vapear THC.
“O que se passa nos Estados Unidos e nalguns países da Europa nada tem a ver com os cigarros eletrónicos, mas sim com líquidos ilegais vendidos no mercado negro”, contesta o sócio da Vaporizarte.
No alerta de ontem, a DGS diz que “não existem cigarros eletrónicos nem produtos de tabaco seguros, nomeadamente tabaco aquecido”, pois “apresentam riscos para a saúde e não devem ser consumidos” e “nunca devem ser usados, particularmente por jovens, jovens adultos ou mulheres grávidas”.
Tanto para Miguel Matos, da Tabaqueira, como para Dídio Silvestre, da Vaporizar, a melhor opção é não começar a fumar ou vapear, mas para os fumadores já existentes o tabaco aquecido ou o cigarro eletrónico são melhores do que o cigarro convencional.
Emília Nunes, da DGS, põe a tónica na “falta de estudos conclusivos” sobre os efeitos dos líquidos de vapear no corpo humano, “é preciso mais tempo para saber os seus reais efeitos”.