A investigação de uma equipa da Universidade de Laval, Canadá, baseou-se na análise de 65 estudos anteriores, tendo em consideração cerca de 60 milhões de pessoas. Os resultados, publicados na revista The Lancet, revelaram uma queda no número de casos e, segundo os mesmos, se esta tendência for acompanhada pelo alargamento dos programas de vacinação, isso poderá vir a traduzir-se na erradicação da doença.
Marc Brisson, coordenador do estudo, afirma que “veremos uma redução [do número de casos] em mulheres com 20-30 anos, nos próximos 10 anos”. No entanto, a erradicação da doença só se poderá concretizar se uma “cobertura de vacinação suficientemente alta puder ser alcançada e mantida”.
Portugal é um dos países com um programa de vacinação com maior taxa de cobertura (cerca de 85%). A vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV), responsável pelo cancro do colo do útero, introduzida pelo Programa Nacional de Vacinação em 2008, confere uma percetagem de proteção de 90% e é administrada gratuitamente a raparigas entre os 10 e os 13 anos de idade.
Contudo, segundo o Instituto de Oncologia, somos o país da Europa Ocidental com a taxa de incidência mais elevada deste tipo de cancro, com mil novos casos diagnosticados anualmente.
Um estudo australiano, publicado em março, revelou que 13,4 milhões de casos da doença poderão ser prevenidos nos próximos 50 anos, se for implementado um plano de vacinação e triagem, de alta cobertura, em todos os países. Até o final do século, isso reduziria o número de casos globais para menos de quatro em cada 100.000 mulheres – nível que tornaria a doença tecnicamente erradicada.
