Dizemos, tantas vezes, a brincar que há sempre um português em qualquer parte do mundo e agora, segundo o resultado destes testes, é mais a sério do que poderíamos julgar: uma investigação comparou o ADN extraído de restos humanos do período neolítioco, encontrados na Grã-Bretanha, com o de pessoas vivas ao mesmo tempo no resto da Europa e concluiu que estes teriam viajado da região da Anatólia, onde fica a Turquia moderna, para a Península Ibérica, antes de seguirem para norte.
Segundo os dados divulgados pela Nature Ecology & Evolution, a migração para a Grã-Bretanha foi apenas uma parte de uma expansão enorme de pessoas que saíram da Anatólia em 6.000 a.C., introduzindo a partir daí a agricultura na Europa – até então, o continente era povoado por pequenos grupos de viajantes que caçavam animais e apanhavam plantas silvestres e mariscos.
Um desses grupos seguiu pelo Danúbio até à Europa Central, mas outro grupo viajou para o oeste através do Mediterrâneo. E terá sido este grupo, ou os seus descendentes, que chegou, entretanto, à Grã-Bretanha. Quando os investigadores analisaram o ADN destes primeiros agricultores que ali se estabeleceram descobriram que eram mais parecidos com os povos neolíticos da Ibéria – ou seja, onde hoje é Espanha e Portugal; e que esses agricultores ibéricos eram descendentes de pessoas que tinham viajado pelo Mediterrâneo.
Daqui, terão seguido viagem por França e depois terão entrado na Grã-Bretanha através do País de Gales ou do sudoeste da Inglaterra. Ali instalados, esses migrantes introduziram não só a agricultura como ainda esta tradição de construir monumentos usando grandes pedras conhecidas como megálitos. E Stonehenge, em Wiltshire, fazia parte dessa tradição.