O caso das agressões a uma jovem luso colombiana na noite de São João, no Porto, por parte de funcionário da empresa de segurança 2045 ao serviço dos STCP, é o segundo caso no espaço de pouco mais de um ano a afetar esta empresa de segurança no âmbito dos serviços que presta à empresa de transportes coletivos do Porto.
Em abril de 2017, Cláudia Linck, 30 anos, com dupla nacionalidade brasileira e portuguesa, relatou no Facebook um incidente em que terá sido vítima de xenofobia quando viajava no Metro do Porto. “Volte para o seu País”.“Só podia ser brasileira”, foram as acusações que terá ouvido da boca dos fiscais ao serviço da transportadora depois de ter sido abordada por viajar sem título de transporte.
Na altura, o Metro do Porto explicou que os serviços de fiscalização eram prestados à transportadora por uma empresa externa de segurança, denominada 2045, SA. A mesma que continua a prestar, atualmente serviços aos STCP e que viu um dos seus funcionários envolvido em novo caso de alegados atos racistas e xenófobos.
Noite de São João acaba de forma violenta
Nicol Quinayas, de 21 anos, nascida em Portugal, mas de ascendência colombiana, alega ter sido violentamente agredida e insultada na madrugada de 24 de junho, no Porto, por um segurança da empresa 2045 a exercer funções de fiscalização para a empresa STCP.
“Foi decidido abrir um processo interno, na STCP, para averiguação da situação juntos dos trabalhadores da STCP que estavam de serviço na madrugada do dia 24 de junho, sendo justo dizer que os dois trabalhadores que estavam no local tiveram comportamento exemplar”, lê-se.
Segundo explica a STCP, “este inquérito visa apenas obter uma informação tão rigorosa quanto possível do ocorrido, mas não pode, nem pretende, substituir o apuramento pelas autoridades competentes das responsabilidades dos indivíduos envolvidos”.
A STCP, aponta o texto, “espera que o inquérito ao sucedido seja concluído tão pronto quanto possível e reafirma que os seus trabalhadores e o Conselho de Administração repudiam veementemente quaisquer atitudes discriminatórias e, dentro das suas competências, aplicará as medidas adequadas à erradicação de quaisquer práticas menos próprias de uma sociedade democrática e tolerante como é a sociedade portuguesa”.
A empresa gestora dos transportes públicos portuenses garante que “não deixará de apurar os danos de imagem e reputação que a empresa 2045 esteja a causar e agirá em conformidade após a conclusão e quando lhe for dado conhecimento do inquérito policial”.
A STCP refere ainda que enviou uma carta à Embaixada da Colômbia em Portugal no dia 28 de junho passado, “reportando a informação que detinha sobre o incidente e repudiando em nome dos trabalhadores desta empresa e do Conselho de Administração qualquer forma de discriminação”.
O Ministério Público abriu já um inquérito para investigar o caso, revelou na semana passada a Procuradoria-Geral da República (PGR), numa resposta escrita à Lusa.
Depois de o caso se ter tornado público, inicialmente pelas redes sociais e depois pelos jornais, a SOS Racismo condenou a agressão à jovem Nicol Quinayas, que reside em Gondomar, no distrito do Porto.
A Inspeção Geral da Administração Interna abriu já um processo para esclarecer junto da PSP o caso e, numa nota enviada às redações, o Ministério da Administração Interna (MAI) diz que o ministro Eduardo Cabrita “não tolerará fenómenos de violência nem manifestações de cariz racista ou xenófobo”.
Também a empresa de segurança privada 2045 já anunciou, em comunicado, que iniciou um processo de averiguações interno relacionado com a agressão.