O número de casos diagnosticados de pessoas infetadas com ‘legionella’, no hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, subiu para 26, anunciou hoje a diretora-geral de Saúde, Graça Freitas.
Em conferência de imprensa no hospital, a responsável precisou que, dos 26 casos até agora diagnosticados de doença do legionário, um doente se encontra numa unidade de saúde privada, outro teve alta, um terceiro está no Hospital Pulido Valente, dois na unidade de cuidados intensivos do hospital São Francisco Xavier e os restantes encontram-se internados no hospital Egas Moniz.
Apesar das medidas adotadas para deter o surto de ‘legionella’ na rede de água do hospital, de acordo com “as melhores práticas internacionais”, Graça Freitas não descartou a hipótese de surgirem nos próximos dias mais casos, devido à existência de um período de incubação da bactéria causadora da doença.
Presente na mesma conferência de imprensa, o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, deu à Direção-Geral de Saúde (DGS) e ao Instituto Nacional de Saúde (INSA) “um prazo máximo de duas semanas” para apresentarem ao Governo um relatório preliminar sobre este surto da doença do legionário.
“Alguma coisa correu mal”
O ministro da Saúde admitiu hoje que “alguma coisa correu mal” no caso do surto de “legionella” no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, apesar de ter confiança de que “as melhores práticas foram seguidas”.
“Tendo sido seguidas as melhores práticas, alguma coisa correu mal. A mim, o que me incumbe enquanto responsável político é perceber que – pela evidência dos relatos, pela primeira aproximação aos factos, o que foi dito e visto é que todos os procedimentos foram seguidos de acordo com as melhores práticas – ainda assim alguma coisa correu mal”, disse Adalberto Campos Fernandes.
Até ao momento foram diagnosticados desde 31 de outubro 26 pessoas infetadas com doença dos legionários, conhecida também por ‘legionella’, relacionadas com o hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Dos 26 casos até agora diagnosticados, um doente encontra-se numa unidade de saúde privada, outro teve alta, um terceiro está no Hospital Pulido Valente, dois na unidade de cuidados intensivos do hospital São Francisco Xavier e os restantes encontram-se internados no hospital Egas Moniz.
“Portanto, é muito simples. Todos terão de perceber que a nossa obsessão neste momento é perceber o porquê de, tendo sido cumpridos os procedimentos, [alguma coisa] ter corrido mal. E não descansaremos enquanto essa identificação daquilo que correu mal não seja conhecida”, disse o ministro em conferência de imprensa no hospital São Francisco Xavier.
As declarações do ministro surgem um dia depois de a Diretora-Geral de Saúde, Graça Freitas, ter declarado que “nada falhou” na prevenção e nas medidas de controlo da infeção com a bactéria “Legionella” no hospital, já que “nem sempre as melhores medidas conseguem contrariar esta dinâmica das bactérias”.
Hoje, o ministro da Saúde deu duas semanas à Direção-Geral de Saúde e ao Instituto Nacional de Saúde Dr Ricardo Jorge (INSA) para que “habilitem o governo com um relatório detalhado, que seja do conhecimento público”, para apurar a forma como as coisas correram.
No fundo, disse Adalberto Campos Fernandes, trata-se de “responder a esta questão muito simples”.
“Tendo tudo sido feito de acordo com as normas, o que é que (…) correu menos bem, para que nos víssemos confrontados com um surto que é real, existe, e que não pode em nenhuma circunstância ser dissimulado ou diminuído”, realçou o responsável.
O ministro disse que está a acompanhar a situação, tal como o resto do Governo, “a evolução dos acontecimentos de hora a hora”.
“Queremos perceber o que aconteceu e ter condições para que nunca mais aconteça”, sublinhou.
O ministro deixou ainda uma mensagem de tranquilidade aos utentes dos hospitais e manifestou “confiança nos técnicos” e na atuação que tiveram no Hospital São Francisco Xavier.
“Transmitiram-me que a fonte emissora está controlada”, disse Adalberto Campos Fernandes.
O ministro deixou ainda um aviso: os relatórios agora pedidos “não são para encher calendário”.
“Quando digo falha, significa qualquer tipo de avaliação técnica ou procedimento, e sobre essa matéria que fique muito claro: os relatórios que foram pedidos não são para encher calendário. São para apurar efetivamente aquilo que aconteceu, se se deveu a um imponderável de natureza técnica, até climática e ambiental, a um procedimento que deveria ser feito e não foi. Isso tem de ser avaliado com distanciamento e independência”, concluiu.
No final dos relatórios, disse, o Governo estará “para apurar se alguma coisa correu mal ou não”.
“A minha obrigação enquanto responsável político é fazer a demonstração positiva de que nada falhou. E não vou dizer agora que nada não tenha falhado. Como não tenho a certeza que nada falhou, também não tenho a certeza de que não tenha falhado”, reiterou.