A carreira de Weinstein, que no domingo foi obrigado a abandonar a empresa de cinema independente que fundou, foi abalada por um artigo devastador do jornal The New York Times segundo o qual o produtor alcançou, durante décadas, uma série de acordos extrajudiciais para pôr termo a denúncias de assédio sexual apresentadas por antigas funcionárias e colaboradoras.
Agora, a jornalista e fundadora do site de notícias na área do entretenimento The Wrap, Sharon Waxman, alega que o caso podia ter sido exposto há 13 anos, quando escreveu um artigo que dava conta das acusações sobre Weinstein para o The New York Times, se não fosse a pressão de algumas estrelas de Hollywood e o facto de a empresa do produtor, a The Weinstein Company, ser anunciante no jornal.
Sharon Waxman diz que Matt Damon e Russel Crowe a contactaram “diretamente” para refutar as alegações de assédio.
Em comunicado, o editor executivo do The New York Times Dean Baquet começa por esclarecer que não trabalhava no jornal em 2004, mas que considera “inimaginável” que a publicação tenha travado uma história por pressões de um anunciante. Os dois principais editores do The New York Times na altura, Bill Keller e Jill Abramson, por seu lado, dizem não ter memória de qualquer pressão sobre o artigo.
As acusações remontam à década de 1990, altura em que Weinstein estava à frente da produtora Miramax, um estúdio de cinema independente que era propriedade do gigante cinematográfico Walt Disney Co. Do escândalo fazem parte acusações de abusos sexuais por parte da atriz Ashley Judd, conhecida pelo filme “Frida” ou pela saga “Divergente”.
Em 5 de outubro, o New York Times publicou uma investigação, baseada em dezenas de testemunhos de antigos e atuais funcionários da empresa que facultaram detalhes sobre o comportamento do produtor.
Segundo o jornal novaiorquino, Weinstein chegou a acordos extrajudiciais com pelo menos oito mulheres para resolver acusações de assédio sexual.
Num comunicado enviado ao jornal, o produtor admitiu que a forma como se comportou no passado com companheiras de trabalho provocou muitos danos, pelo que pediu perdão e uma segunda oportunidade.
“Apesar de estar a tentar melhorar, sei que tenho um longo caminho a percorrer”, reconheceu no mesmo comunicado Weinstein, garantindo que tenta corrigir a sua forma de atuar há dez anos com recurso a terapia.