A Rússia já começou a queimar os terrenos na Sibéria onde se encontravam quase 2.500 cadáveres de renas que, com o degelo na região, trouxeram de volta uma doença infecciosa causada por uma bactéria altamente letal na sua forma mais agressiva.
O inesperado surto de antraz, que andou nas bocas do mundo após o 11 de setembro nos Estados Unidos, por ter servido de arma a terroristas (enviavam por carta um pó branco com a bactéria), causou a morte de uma criança de 12 anos e 115 pessoas tiveram de ser internadas ao longo da última semana, na zona da Sibéria Ocidental.
Desde 1941 que não havia sinal na região desta doença também conhecida por carbúnculo, o que não só apanhou as autoridades russas desprevenidas como as deixou em estado de alerta. A Ministra da Saúde da Rússia, Veronica Skvortsova, viajou até ao local para se inteirar da situação, que parece agora mais controlada. Ainda assim, o governo russo enviou tropas para previnir uma eventual catástrofe biológica.
O regresso da doença aconteceu devido às altas temperaturas registadas na Sibéria em julho, que chegaram a atingir os 35 graus. A bactéria, presente nestes cadáveres de renas que ficaram congelados com o frio, consegue sobreviver durante centenas de anos nestas condições e, com o degelo provocado pelo calor acima do normal, reapareceu através dos cursos de água. Basta a ingestão de um copo de água para a doença se transmitir a um ser humano.
Já foram vacinadas mais de 35 mil renas para evitar que a doença se propague, e tanto os cadáveres de animais infetados como os terrenos considerados perigosos já estão a ser incinerados, num trabalho que vai prosseguir até setembro sob a coordenação da Unidade de Proteção Radiológica, Química e Biológica do exército.
Dimitri Kobilkin, governador da região russa de Yamalo-Nenets, já se encarregou de iniciar uma investigação minuciosa para apurar as condições de assistência médica prestada aos doentes e disponibilizou todos os suportes para auxiliar os habitantes da região, que está em quarentena por causa deste surto já apelidado de peste siberiana.