Os investigadores Michael Kasumovic, da Universidade de Nova Gales do Sul, e Jeffrey Kuznekoff, da Universidade de Miami, concluiram que os homens com tendência para assediar as mulheres através da Internet são os menos bem sucedidos… pelo menos, no mundo dos videojogos.
O estudo, publicado na passada semana no jornal PLOS One, consistiu na observação do tratamento que os homens davam às mulheres durante 163 partidas do popular Halo 3, um jogo de tiro.
À medida que assistiam aos jogos e aos comentários dos jogadores entre si, os dois investigadores chegaram a três conclusões: independentemente do talento de cada jogador, os homens têm tendência para ser mais cordiais entre si; os bons jogadores masculinos também tendem a elogiar tanto os jogadores como as jogadoras; mas alguns homens, os menos talentosos, os que têm menos jeito para o jogo, são os que fazem com mais frequência os comentários mais obscenos às jogadoras.
“Os videjogos permitem estudar o comportamento humano na vida real, especialmente o Halo 3”, acredita Kasumovic, um dos investigadores, que sublinha três características do jogo: os jogadores são anónimos, o que faz com que policiar o comportamento individual seja “quase impossível”, cruzam-se poucas vezes, o que torna mais fácil “lançar um palavrão”; e finalmente, e também previsivelmente, a maioria dos jogadores é do sexo masculino.
Nestes ambientes, “a entrada das mulheres pode vir a perturbar uma hierarquia social” já existente , sugere Kasumovic. Os jogadores do topo da tabela não se sentem ameaçados, mas os que estão na base sim, o que explica, segundo o investigador, o recurso ao assédio.
De acordo com o instituto de sondagens norte-americano Pew, citado peloWashington Post, 40% dos utilizadores da internet já foram alvo de assédio, incluindo omentários sexistas e até perseguições; outros 73% já assistiram a situações dessas.