“O Martim ao início chorou, não quis vir logo para o meu colo, mas foi-se adaptando, esteve ao colo da empregada, entretanto já estava ao colo da empregada e ao meu e no fim já estava ao meu colo. Esteve tudo bem, correu bem”, foram as palavras proferidas por Ana Rita Leonardo, que durante mais de seis meses esteve impedida pela Justiça de visitar o filho.
Ana Rita Leonardo acrescentou que aproveitou o momento da visita para dar “muitos miminhos” ao filho e comentou ser “um dia de muita esperança” e “a melhor prenda de anos”. Ana Rita celebra 16 anos na próxima segunda-feira.
A criança entrou no Refúgio em Fevereiro de 2007, com cerca de dois meses, a pedido da Segurança Social de Cascais e do Tribunal de Família de Menores de Cascais. Entretanto, vários tribunais confirmaram a decisão de considerar o menino adoptável.
“Não é muito bom o Martim regressar já sexta-feira para uma instituição em Lisboa. É melhor ele adaptar-se devagar. O pai do Martim vai estar em Faro sexta-feira e sábado e eu vou vir vê-lo no domingo. Ir para uma instituição de repente não ia ser muito bom. O que queria mesmo era que na segunda-feira já estivesse em Lisboa”, declarou Ana Rita.
Na semana passada, o Tribunal de Cascais suspendeu o processo de adopção e a proibição de visitas e determinou que o menino seja transferido para uma instituição perto da casa da família biológica.
O pai de Martim, Paulo Lopes, também visitou hoje Martim e demonstrou estar “muito contente” por ter visto o filho. Prometeu estar por perto nas próximas 48 horas para que Martim se habitue a ele com calma.
O director do Refúgio Aboim Ascenção, Luís Villas-Boas, aconselhou os pais de Martim à serenidade e afirmou que o caminho que está a ser trilhado pelos progenitores “indicia um bom futuro”.
Questionado pela Lusa sobre a suspensão do processo de adopção de Martim, Villas-Boas afirmou que no dia 11 de Junho fez um documento dirigido ao Ministério Público dando a sua opinião sobre o caso e sugerindo que fosse feita uma reavaliação do processo, assim como também fosse suspensa a entrega da criança à adopção.
“Estou contente, naturalmente, e felicito o Tribunal [de Cascais] pela decisão corajosa que teve. Fico contente por ver que há magistrados capazes de evoluir dinamicamente em função das situações com que vão lidando”, acrescentou Villas-Boas.