Marcelo Rebelo de Sousa foi o candidato presidencial que maior salário auferiu em 2019, ano a que se refere a declaração de rendimentos reportada ao Tribunal Constitucional (TC), que já está disponível para consulta – agora com novas regras de acesso, entre elas a omissão, por parte do Palácio Ratton, das moradas pessoais dos políticos.
O atual chefe de Estado, que se recandidata ao segundo mandato, declarou ter auferido 137 mil euros pelo cargo em Belém. Segue-se logo depois o comunista João Ferreira, com 116, 6 mil euros, fruto do trabalho como eurodeputado, [108,7 mil], como comentador na TV [3 mil] e ainda rendimentos de alugueres de imóveis [4910 euros].
A socialista Ana Gomes declarou 106,1 mil euros e 7,6 mil euros em pensões. A bloquista Marisa Matias afirmou ter auferido 106,1 mil euros, como eurodeputada do BE; e o líder do Chega, André Ventura, enquanto consultor fiscal, docente na Universidade Autónoma e comentador da CMTV, disse ter tido rendimentos de 31,8 mil euros, como trabalhador dependente, e outros 38,4 mil, como independente.
O remediado liberal Mayan Gonçalves
Vitorio Silva, conhecido como Tino de Rans, afirmou ao TC ter obtido 25,8 mil euros na sua atividade principal, como calceteiro. Ainda auferiu 314 euros a realizar uns biscates e 1560 euros em rendas de algumas propriedades que possui.
Acaba por ser Tiago Mayan Gonçalves aquele que transmitiu ter recebido o menos de todos: 18,1 mil euros, em 2019. Porém, o candidato liberal é o único proprietário da empresa SoulSharing, especializada na gestão de alojamentos locais. Além disso, é consultor jurídico da Maiêutica, a cooperativa dona do Instituto Universitário da Maia, como adiantou, esta sexta-feira, o assessor daquela instituição, onde Olga Mayan Gonçalves, mãe do candidato, dá aulas.
Refira-se ainda que é do liberal o imóvel mais valioso declarado, entre os sete candidatos. A casa de Mayan, na Foz do Porto, tem um valor patrimonial de 109 mil euros.
Ventura sem casa própria
No que toca ao imobiliário, Ana Gomes e Tino de Rans batem os outros a léguas, sendo que, no caso da socialista, o seu imenso património diz respeito a uma herança indivisa proveniente do marido falecido, António Franco.
A socialista, além de um apartamento em Cascais, tem uma quinta em Sintra e outro prédio rústico perto, mas conta com uma dívida bancária de 120 mil euros. Já em relação a Vitorino Silva, estão em causa doze propriedades rústicas – algumas das quais em copropriedade com familiares – todas em Penafiel, onde reside.
Marcelo nada declarou sobre imobiliário, enquanto que Marisa Matias e João Ferreira contam com empréstimos para pagar as suas casas – o do comunista é o mais pesado: 156 mil euros.
Em relação a Ventura, não há qualquer propriedade de imóveis reportada. Na prática, o único bem que possui com a sua mulher Dina Nunes é um BMW Série 1, mas já de 2010, pelo qual paga a uma credora 222 euros mensais. Faltando ainda saldar 7,5 mil euros para poder afirmar que o automóvel é mesmo seu.
Marisa, Mayan e Tino sem quatro rodas
Quanto a automóveis, Marcelo e Ana Gomes partilham o gosto de Ventura: Mercedes. Sendo que a socialista tem dois, a que se junta ainda um utilitário. Já o comunista João Ferreira tem uma Golf Variant, para a família composta por Isabel e os dois filhos.
Por outro lado, o empresário/consultor Mayan Gonçalves nada declarou sobre propriedades de quatro rodas, assim como Marisa Matias e Vitorino Silva.
Comunista prefere ter dinheiro lá fora
Das declarações consultadas pela VISÃO, acaba por ser o comunista João Ferreira aquele que se mostra mais poupado. Tem cerca de 82 mil euros depositados em bancos, dos quais mais de 72 mil estão em duas contas em Bruxelas, cidade onde passa a maior parte do seu tempo como eurodeputado.
Seguem-se depois Ventura, com 66,9 mil euros numa conta; Mayan, com 40 mil; e Marisa, com 30 mil.
Se Vitorino não tem montante suficiente para ser declarado ao TC, quanto a Ana Gomes, além de uma conta poupança com 5,3 mil euros, ainda possui uma carteiras de investimentos de cerca de 100 mil, sendo que a maioria é em títulos públicos. Também quem tem investido em títulos os seus 140 mil euros é Marcelo.
Na declaração de André Ventura é, todavia, uma particularidade, que ainda irá ser analisada pelo TC, o facto de o candidato ter sido o único que revelou ter uma conta aberta em nome próprio para pagar as presidenciais. Aquando da entrega da declaração, já há quase um mês, o líder do Chega já tinha amealhados 14 mil euros nessa conta.
As declarações, a que a VISÃO acedeu, são obrigatórias para quem concorre a cargos políticos, servindo mais tarde para uma análise do Ministério Público, que funciona junto do Palácio Ratton, quando há suspeitas de eventual enriquecimento ilícito de quem ocupou tal função. Após sair do cargo também é obrigatória uma declaração.