Há 40 anos, em dezembro de 1985, um desconhecido quadro do Ministério da Justiça, até recentemente magistrado do Ministério Público, era escolhido, pelo PSD, como candidato à Câmara Municipal de Oeiras, nunca antes conquistada pelos sociais-democratas. O então presidente da Comissão Política do partido em Algés, transmontano por nascimento, arrebatou a câmara ao PS (que, até hoje, nunca mais a recuperou, nem será desta…) com mais de 44% dos votos. Durante estes 40 anos, os sucessivos mandatos de Isaltino Morais só foram interrompidos por uma breve passagem pelo governo, uma pena de prisão cumprida, por fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais, e um pequeno interregno aguardando os calendários eleitorais, para o regresso. Ao todo, esteve 33 anos à frente da autarquia, a que, previsivelmente, se somarão os próximos quatro, ou seja, um total de 37 anos, o que igualará o recorde de Mesquita Machado (do PS) em Braga. O decano dos dinossauros autárquicos, sempre inovador – veja-se a sua faceta de influencer, destacando as qualidades, nomeadamente, gastronómicas, mas não só, do concelho, em vídeos regulares nas redes sociais, com cada vez maior audiência… –, Isaltino colocou Oeiras do mapa, fazendo do concelho antes dormitório de Lisboa um território de qualificação e empreendedorismo, com pujança cultural e vida própria.
Isaltino é um dos agentes do poder local que fizeram História. Ele e Santana Lopes são as duas únicas exceções de autarcas ainda no ativo que decidimos incluir nas próximas páginas. Onde se fala dos homens e mulheres que ajudaram, para o bem e para o mal, a construir o regime democrático e a mudar a face do País. Uns porque foram carismáticos, outros porque foram mediáticos, outros porque foram influentes, outros porque foram imbatíveis, outros porque foram polémicos ou alvo de ações da Justiça, outros porque projetaram a sua imagem para outros voos e, a maior parte, porque deixaram obra. Nesta seleção (que podia ser outra…) vários estiveram ligados ao “pato-bravismo” imobiliário e ao fenómeno do futebol e, pelo menos, em dois casos, há estádios construídos que levaram os seus nomes. Vamos recordá-los.
