Com o aproximar das 15h00, hora marcada para o sinal de partida da arruada, a multidão começou a acotovelar-se frente à A Brasileira, aguardando com expectativa a chegada de Fernando Medina e do primeiro-ministro António Costa, esta sexta-feira na pele de secretário-geral socialista (sem gravata, portanto), que escolheu o último dia da campanha eleitoral para apoiar o candidato pela coligação “Mais Lisboa (apoiada por PS e Livre) a novo mandato na câmara da capital.
De um lado para o outro, militantes socialistas atarefavam-se a acartar caixotes, acabados de chegar, recheados de cravos vermelhos para distribuir pelas centenas de presentes – e pelos muitos turistas de passagem que, de sorriso largo, agradeciam o gesto. Ao som de “Cheira a Lisboa”, a arruada arrancou Chiado abaixo, embalada pela energia dos jovens da Juventude Socialista, que envolveram num cordão humano os sorridentes Medina e Costa, e restantes candidatos pela coligação “Mais Lisboa”, à câmara municipal e assembleias de freguesia.
Sem incidentes de maior, mas pequenas paragens para a acenos e fotografias, a comitiva – acompanhada por cântico esforçados e ininterruptos dos mais entusiastas – atravessou o coração da capital, passou pelo Rossio, atravessou a Baixa Pombalina e, 40 minutos depois, estancou à sombra do Arco da Rua Augusta, onde um palco instalado estava preparado para ouvir Medina e Costa, recebidos ao som dos aplausos e do “Nessun dorma” de Puccini. Coincidência? Talvez não. Apesar do cenário de reeleição, o atual presidente da câmara de Lisboa não tardou a pedir “que ninguém adormeça” nesta reta final.
“Não há nenhuma eleição ganha à partida. Nenhuma sondagem vota, o único voto é o que vai entrar nas urnas no próximo domingo. É o que temos de dizer a todos: não se iludam com as sondagens, mobilizem todos, familiares, amigos, vizinhos, todos os conhecidos, para irem votar no domingo, dia 26, porque quem não vota está a deixar o seu futuro ser decido pelo voto dos outros”, disse Fernando Medina. O cabeça de lista da coligação “Mais Lisboa” dirigiu ainda recados à direita e à esquerda: “Chegámos ao fim desta campanha e há duas coisas que temos de dizer: ficou claro, que, à nossa direita, não há qualquer resposta para os problemas fundamentais, não há resposta para as pessoas;mas há uma outra coisa que quero dizer aos partidos à nossa esquerda, que é que nada teria acontecido daquilo que eles defendem se o PS não fosse esta grande força na cidade de Lisboa e no país”.
António Costa recupera PRR
No dia em que o PS confirmou que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) arquivou uma das queixas recebidas contra António Costa, pela utilização do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), nos discursos de campanha das Autárquicas, o primeiro-ministro voltou a utilizar o tema, insistindo que o PRR é a grande “ferramenta” para o país sair da crise – e que é fundamental Fernando Medina liderar a capital, para que sejam concretizadas as grandes prioridades das políticas definidas pelo Governo para o país.
“É fundamental uma grande vitória do Fernando Medina e da coligação “Mais Lisboa”. Lisboa é fundamental para termos sucesso nas grandes prioridades das políticas que definimos (…) A esta crise, quer em Portugal, que na Europa, vamos responder de forma diferente. Em vez da austeridade, respondemos com solidariedade, e essa resposta fez com que a União Europeia aprovasse , para os 27 estados membros, um grande PRR, para todos sairmos mais fortes desta crise”, afirmou.
Ignorando as críticas da oposição, António Costa voltou a acenar com a ajuda financeira proveniente da Europa, como uma “ferramenta” fundamental, nos próximos anos: “Este PRR não são milhões em abstrato, são fundos em concreto para realizar projetos concretos – é assim que o metro de uma vez por todas vai chegar à zona ocidental da cidade, onde nunca chegou, e agora vai chegar. Vamos ter mais verbas para a habitação acessível da classe média e, em particular, para as novas gerações”. “Por isso, temos de ver nesta resposta da solidariedade uma oportunidade única que não podemos desperdiçar. E é por isso que é essencial arregaçarmos as mangas, pormos mãos à obra e, com Fernando Medina, reeleito no domingo, recomeçarmos na próxima segunda-feira a construir mais Lisboa, que significa mais Portugal”, afirmou o primeiro-ministro, na pele de secretário-geral do PS.