O PSD é o grande vencedor das eleições autárquicas de 2025. Sob todos os critérios, Luís Montenegro saiu vitorioso. Não só o PSD volta a ser o partido com mais câmaras e recupera o controlo da Associação Nacional de Municípios (ANMP) 12 anos depois, como conquistou as principais autarquias: Lisboa, Porto, Braga, Gaia, Sintra, Cascais e (à boleia de um movimento independente) Setúbal. Essa é a matemática evidente do rescaldo da noite eleitoral, mas o novo mapa do poder local esconde outras histórias não tão visíveis a olho nu. Essas histórias falam-nos da tendência de viragem à direita que começou com a queda abrupta do governo de maioria absoluta de António Costa e que acaba agora num controlo quase total do poder por esse lado do hemisfério político. A direita controla agora o Governo da República, tem dois terços do Parlamento, lidera os governos dos Açores e da Madeira, está em Belém e esmaga na conta final do número de câmaras. PSD, com 136 câmaras ganhas, CDS (com seis) e Chega (com três) ficam no poder em 145 municípios. As 127 autarquias socialistas somadas às 12 da CDU são apenas 139.

A lição a tirar é simples: o País está agora muito mais à direita, mesmo que o Chega tenha ficado a léguas das 30 câmaras que André Ventura chegou a definir como objetivo de vitória e que a CDU permaneça como terceira força política nacional (até o CDS tem o dobro das autarquias do partido de Ventura). Para lá dessas contas, ficam os discursos feitos.
