Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos partem para a reunião desta sexta-feira em clima de desconfiança total. Na AD, aponta-se o dedo à demora do PS em apresentar propostas para viabilizar o Orçamento do Estado. No PS, cada vez é mais firme a ideia de que Montenegro quer simular uma negociação. Ainda assim, no Largo do Rato já começaram a desenhar-se as propostas que irão pôr-se em cima da mesa. Há, contudo, uma condição essencial, do ponto de vista dos socialistas, para a conversa avançar: que o Governo deixe cair a descida transversal do IRC e o IRS Jovem.
Não é só por acharem injustas estas medidas, é porque os socialistas estão a desenhar propostas que só serão orçamentalmente viáveis sem o peso destas descidas fiscais para as empresas e para os menores de 35 anos, que juntas pesam 1 500 milhões de euros, mais do que os aumentos salariais que foram prometidos pelo Governo a polícias, oficiais de Justiça e professores, por exemplo. “A retirada dessas medidas é também essencial para encontrarmos espaço orçamental para as nossas propostas”, diz à VISÃO uma fonte da direção do PS. Reservando os pormenores das medidas que serão apresentadas ao Governo nesta sexta-feira, na direção socialista há, porém, uma enorme descrença em relação às intenções do Executivo. Uma descrença que se agravou com a forma como Luís Montenegro emitiu, através do seu gabinete, uma nota, acusando Pedro Nuno Santos de deixar o primeiro-ministro à espera de uma data para reunirem desde 4 de setembro.