Renata Cambra vai fundar um novo partido político. O lançamento do projeto da ex-líder do Movimento Alternativa Socialista (MAS) está agendado para este sábado, às 19h30, na sede do novo partido, situada na Rua Bulhão 3A, junto à estação Roma-Areeiro, em Lisboa. O momento vai ser aproveitado para divulgar o nome e o símbolo da formação, assim como o seu manifesto e programa político.
À VISÃO, Renata Cambra defende que esta nova organização é “uma necessidade no espectro político em Portugal”. “Com a submissão cada vez maior da esquerda parlamentar [PCP, Bloco de Esquerda e Livre] ao PS e ao regime, deixamos de ter uma alternativa anti-sistémica que defenda os interesses da classe trabalhadora e da juventude e que lute verdadeiramente contra o crescimento da extrema-direita, que durante muito tempo andaram a ignorar”, acrescenta.
A dirigente política define como meta a entrada na Assembleia da República “para amplificar” a voz do novo partido, mas sublinha que este é um projeto “com os pés sempre bem assentes na terra, consciente de que é fora do Parlamento, nas lutas sociais e sindicais, que conseguimos a correlação de forças necessária para arrancar vitórias”.
Recorde-se que Renata Cambra abandonou o MAS na sequência de um braço-de-ferro com o “histórico” Gil Garcia, depois de ambos os dirigentes reclamarem serem os legítimos líderes daquele partido – formado em 2013, após a saída dos movimentos Ruptura e Frente da Esquerda Revolucionária (FER) do BE. A “guerra” interna resultou no impedimento do MAS em concorrer nas eleições legislativas de 10 de março; o partido regressou aos boletins de voto nas Europeias de 9 de junho, depois de o Tribunal Constitucional ter decidido a favor da ala de Gil Garcia.
Renata Cambra critica o que tem vindo a ser “a política superficial e puramente populista, com medidas avulsas e pouco sérias” do seu antigo partido, que explica com o “desespero de eleger um deputado a qualquer custo”. Com a criação deste novo projeto, considera que a estrutura liderada por Gil Garcia fica “esvaziada de pessoas, conteúdo e princípios”, pois conta com “a maior parte dos quadros e militantes que eram do MAS”.
Professora de profissão, 33 anos, Renata Cambra deu nas vistas no debate dos partidos sem assento parlamentar, durante a campanha para as Legislativas de 2022. Mais recentemente, foi notícia ao ganhar a ação em tribunal contra o neonazi Mário Machado, condenado a dois anos e 10 meses de prisão efetiva pelos crimes de discriminação e incitamento ao ódio e à violência sexual contra as mulheres de esquerda.
O novo projeto de Renata Cambra tem, agora, como prioridades “tornar esta nova organização conhecida e recolher as assinaturas necessárias para a sua legalização”. “Como parte desse esforço, teremos uma festa de lançamento no Norte do país, que está a ser preparada para o dia 12 de outubro. Ainda antes disso, vamos juntar-nos à manifestação pelo direito à habitação de dia 28 de setembro, com uma coluna nacional, no Porto, uma vez que este é um dos pontos mais importantes do nosso programa e, sem dúvida, um dos problemas mais urgentes que os trabalhadores e a juventude enfrentam e a que é preciso dar resposta”, refere, à VISÃO, a política.