A meio da noite eleitoral, a postura corporal de Guilherme Silva, antigo deputado da República, homem da confiança de Alberto João Jardim (AJJ), dizia tudo: comentando, na RTP, via-se que a maioria absoluta estava a esvair-se por entre os dedos. É verdade que Miguel Albuquerque tinha dito que, sem maioria, não voltaria a governar. Mas Guilherme Silva desenterrou alegadas afirmações (cujo registo não encontrámos…) de Albuquerque, segundo as quais,um entendimento com a Iniciativa Liberal seria possível. E que o PSD tinha “responsabilidades”. Isto, pouco mais de 24 horas decorridas após uma entrevista de AJJ, ao Observador, em que o antigo líder regional classificava o candidato da IL pouco mais do que uma espécie de “salta-pocinhas”.
A pressão é grande. André Ventura cobrou a Miguel Albuquerque a sua promessa de que se demitiria, caso não tivesse maioria. No mesmo passo, declarou que o Chega está “indisponível para entendimentos com o PSD”, isto já sabendo que ninguém vai pedir nada ao Chega, porque o seu partido não é decisivo para que haja maioria…
Na Madeira, em vez de poncha, consome-se melão: Luís Montenegro foi lá para se colar à “grande vitória” de Albuquerque – ele e boa parte da direção do PSD, Paulo Rangel incluído – e no final da noite, ficou com um problema nas mãos. Talvez fosse até melhor que a IL não tivesse elegido; e que o Chega se tornasse decisivo: entre a espada e a parede, o PSD podia escolher a espada e Montenegro poderia ter a oportunidade de contrariar Rui Rio, não repetir os Açores, e ganhar um novo crédito nacional, esvaziando os argumentos do PS que, dia sim, dia não, fala de um conluio iminente entre o PSD e André Ventura.
Fontes do PSD Madeira dizem que, para além da IL, também há o PAN… E agora? Será que Miguel Albuquerque se demite?
Entretanto, fontes do PSD Madeira dizem-nos que a IL não é a única possibilidade para que o PSD forme Governo, com Miguel Albuquerque na liderança ou sem ele: o PAN também elegeu um deputado. E o PSD só precisa de um para chegar à maioria, na Assembleia Regional.
Nota para o patido regional Juntos Pelo Povo (JPP) que, incólume ao efeito Chega, se mantém como terceira força da Madeira.
E outra nota para o triste papel do PS, que se tornou irrelevante. António Costa, que depois dos quase 36% de há quatro anos, veio falar ao final da noite, delegou agora em João Torres, secretário-geral-adjunto, esse sacrifício. Não me comprometa, como dizia o outro.