O mais grave acidente na Marinha Portuguesa aconteceu há 37 anos, quando a corveta António Enes explodiu ao entrar no porto açoriano da Horta, matando seis militares – os corpos de dois deles nunca apareceram – e ferindo outros 11. Ainda hoje não existe explicação oficial para o rebentamento da popa do navio, que, na altura, se atribuiu a gases acumulados na casa da máquina do leme de ré, mas que deu origem a regras de atuação. Na data em que este grave acidente era evocado, 13 militares do NRP (Navio da República Portuguesa) Mondego recusavam cumprir uma operação de acompanhamento de um navio espião russo nas águas de Porto Santo, alegando más condições da embarcação – que, por coincidência, deveria ter sido rendida em fevereiro, pela António Enes, não fosse esta corveta ter avariado junto ao Farol do Bugio e estar agora no Arsenal do Alfeite, à espera de arranjo.
Enquanto, por estes dias, o País reagia a este acontecimento com uma forte discussão – se em causa esteve a defesa de “um ato de tutela”, como asseguram os mais próximos dos nove praças e dos quatro sargentos revoltosos do NRP Mondego, ou se se tratou de um gesto de insubordinação e indisciplina, como deixou claro o chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Gouveia e Melo, no raspanete televisionado que foi dar aos militares no Funchal –, a Armada nacional voltava a “meter água”: a fragata Bartolomeu Dias, o maior navio de guerra português, que largou há menos de um mês da Base Naval de Lisboa rumo ao Norte, para integrar a Força Naval Permanente da Aliança Atlântica, a Standing NATO Maritime Group 1, sofreu fortes problemas nos motores, tendo sido rebocada para a Noruega. Fontes da Armada adiantaram que a Bartolomeu Dias tem agora como destino um período de manutenção nos Países Baixos, onde foi construída, em 1990.