Em declarações à agência Lusa, o deputado socialista João Paulo Correia destacou o trabalho dos inquéritos parlamentares, indicando que “é o tempo de a justiça atuar, apurar a verdade e apurar as responsabilidades”.
“O Partido socialista foi um dos partidos proponentes da comissão de inquérito à Caixa [Geral de Depósitos], foi também um dos partidos proponentes da comissão de inquérito ao BES e ao Novo Banco e, ao longo dos trabalhos destes inquéritos, os deputados conseguiram expor um conjunto de situações que só através de inquérito parlamentar foi possível averiguar e investigar”, explanou.
O presidente do Benfica e empresário Luis Filipe Vieira foi hoje detido numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros com prejuízos para o Estado, disse à Lusa fonte ligada ao processo.
Uma nota do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) indica que foram detidos um dirigente desportivo, dois empresários e um agente do futebol e realizados cerca de 45 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária, em Lisboa, Torres Vedras e Braga.
No comunicado do DCIAP, é indicado que os detidos são suspeitos de estarem envolvidos em “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.
Durante a tarde de hoje, CDS-PP, PAN e Chega pediram rapidez e transparência à justiça na investigação que envolve Luis Filipe Vieira, que hoje foi detido em Lisboa.
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, o presidente e deputado único do Chega, André Ventura, que foi comentador desportivo e próximo do presidente do Benfica, disse encarar esta detenção “da mesma forma” que qualquer outra.
“O que peço para este caso é exatamente o que peço para outros: a justiça tem de ser rápida, eficaz e transparente”, afirmou Ventura, defendendo que para a justiça “não pode haver caras nem nomes”.
A deputada do CDS-PP Cecília Meireles, que tem integrado várias comissões parlamentares de inquérito ao sistema bancário, incluindo a atual sobre o Novo Banco que inquiriu Luís Filipe Vieira, disse não querer pronunciar-se sobre casos concretos, mas destacou o trabalho feito pelo parlamento.
“Parece-me saudável que o trabalho que é aqui feito, de rigor, de investigação, e de audição de algumas pessoas – mais ou menos poderosas, mais ou menos mediáticas – possa ser aproveitado pela justiça”, afirmou, desejando que esta continue a aproveitá-lo e “retirar daí conclusões com rapidez”.
Já a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, considerou a investigação criminal em curso “um sinal positivo de que não há cidadãos intocáveis para a justiça”.
“Apesar de ter tardado, é importante acautelar que as perdas relacionadas com o Novo Banco e a Caixa Geral de Depósitos que estão associadas a Luís Filipe Vieira são recuperadas”, salientou, ressalvando que tem de ser respeitada “a presunção de inocência”.
Numa nota enviada à Lusa, a Iniciativa Liberal considera que “a detenção de Luis Filipe Vieira deve ser entendida num conjunto de inaceitáveis exemplos de promiscuidade e sentimento de inimputabilidade entre o poder financeiro e interesses de outra natureza” e defende que a justiça deve ser célere e eficaz e aplicar-se “a todos os intervenientes com responsabilidades, incluindo os reguladores e os atores políticos envolvidos”.
Os liberais recordam ainda que o primeiro-ministro e o presidente da Câmara de Lisboa chegaram a integrar a comissão de honra da recandidatura do presidente do Benfica.
Também o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou que “é preciso averiguar os factos” e decidir “em conformidade”.
Questionado à margem de um encontro com organizações representativas dos trabalhadores da Altice, na Casa do Alentejo, em Lisboa, o dirigente comunista disse que “é preciso averiguar os factos” e, na sequência do que “resultar desse processo” de investigação, “responsabilizar quem deve ser responsabilizado”.
Jerónimo de Sousa disse desconhecer pormenores do processo que envolve Luís Filipe Vieira, razão pela qual preferiu não se alongar em comentários, mas considerou que é necessário “decidir em conformidade com a gravidade” dos crimes que alegadamente terão sido cometidos.
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