Pouco depois da Iniciativa Liberal anunciar o nome de Rafael Corte Real – membro da Comissão Executiva do partido com o pelouro da Revisão de Estatutos e Regulamentos – como candidato à presidência da Câmara de Gondomar, houve quem começasse a ligar o seu nome a comentários discriminatórios a mulheres e à comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgenero). No Facebook, o advogado portuense de 30 anos dirigiu insultos aos participantes numa marcha contra a violência sexual, em 2016, e identificou-se como “um inimigo das feminazis doentes da cabeça”.
Contactado pela VISÃO, o candidato da IL a Gondomar admitiu ter escrito estes comentários e explicou que, entre 2014 e 2017, adotou “uma persona digital, um part time troll em que dizia muita coisa”, com registo “humorístico e provocador” no qual hoje não se revê. “Eu tenho muitos defeitos, mas ser perfeito não é um deles. Eu tenho um desprezo enorme pelo político perfeito”, defendeu-se.
Rafael Corte Real fala em “falta de experiência e de maturidade” da sua parte, mas “entretanto evolui, fiz-me advogado, abri um escritório, comecei a trabalhar 12 horas por dia e andei para a frente”, sem deixar de referir que “esta política de cancelamento diz muito mais de quem procura algum protagonismo à custa de pessoas que odeiam do que mim”. “Eu acho que estas pessoas [que têm revelado as mensagens nas redes sociais] queriam muito ter as oportunidades que eu tenho tido e se calhar ninguém lhas deu. Por isso, procuram assassinar o meu caráter com base em coisas que foram ditas há quatro anos”.
A polémica que envolve Rafael Corte Real não é caso único dentro do partido e a VISÃO sabe que até está a provocar algum desconforto em militantes. Na semana passada, o candidato a Viseu, Fernando Figueiredo, também esteve debaixo de fogo por ter escrito que as feministas eram “mal fodidas” e “faschistas” (sic) em publicações no Facebook, entretanto apagadas.
IL reafirma confiança política nos candidatos
Questionada sobre as posições acima descritas, a Iniciativa Liberal indicou, por escrito à VISÃO, que “qualquer dos candidatos é muito mais do que prints antigos tirados de discussões nas redes sociais”. Apontado o partido que ambos foram sujeitos a um processo de seleção, validados pela estrutura partidária e que, da mesma forma que é possível encontrar publicações ofensivas, também “existem outros prints antigos a mostrar que são liberais, defensores de uma sociedade livre e sem discriminação de nenhuma comunidade, nomeadamente a LGBT”.
“Na Iniciativa Liberal as pessoas não são condenadas sumariamente por algo que escreveram há anos”, indica o partido, rejeitando “veementemente a cultura de cancelamento tribal que pretende julgar sumariamente pessoas por uma frase em falso escrita há anos no ambiente provocatório das redes sociais sem as conhecer, sem as ouvir, sem ter a mínima noção dos seus valores”.
