À saída da reunião da Comissão Nacional do Partido Socialista, este sábado, o secretário-geral, António Costa, confirmou que o partido não vai apresentar nenhum candidato às eleições presidenciais, tal como aconteceu há cinco anos. Vai antes dar liberdade de voto aos militantes dentro do espetro democrático (que entendem ir da eventual recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, a Ana Gomes, a Marisa Matias (BE) e a João Ferreira (PCP). O que não agradou à fação mais crítica de Costa dentro do PS, liderada pelo dirigente Daniel Adrião, que, em declarações à VISÃO, considerou que “os militantes do partido deviam ter sido ouvidos nesta decisão sobre as presidenciais”.
Daniel Adrião e outros 21 membros da Comissão Nacional tinham apresentado uma proposta à mesa para fosse escolhido um nome através de eleições primárias. No entanto, a ideia foi recusada pelo presidente da Comissão Nacional, Carlos César, que justificou a decisão com a falta de “cabimento estatutário”.
“A elite do PS está profundamente dividida, por isso, devia ter-se dado poder às bases do PS”, afirma o membro da Comissão Nacional e rosto da oposição interna a António Costa, que voltou a denunciar uma “fratura” dentro do partido, que “a direção não está a saber gerir”.
Durante a reunião – marcada para o cineteatro Capitólio, no Parque Mayer, Lisboa, mas que acabou por assumir um formato digital – ouviram-se ainda críticas vindas do ministro das Infraestruturas e da Habitação. Pedro Nuno Santos realçou o atraso do debate interno sobre as presidenciais e anunciou o seu já aguardado apoio à candidatura da socialista Ana Gomes. Num discurso pouco consensual, ao que apurou a VISÃO, o dirigente do PS atribuiu ainda responsabilidades ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pela atual instabilidade política da “geringonça”.
Declararam também apoio a Ana Gomes o dirigente do PS e secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, e Daniel Adrião. Enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, o ex-ministro do Trabalho e da Segurança Social, José António Vieira da Silva, a vice presidente da Assembleia da República, Edite Estrela, e o presidente Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, avançaram com a intenção de votar em Marcelo.
No final da reunião, António Costa disse, aos jornalistas, que a posição do partido foi acolhida por uma “larga maioria”, com apenas “duas abstenções e cinco votos contra”, rejeitando as críticas de divisões internas. O secretário-geral do PS destacou ainda dois candidatos: Ana Gomes, uma “distinta militante socialista”, e Marcelo Rebelo de Sousa pela “solidariedade institucional” e pela “proximidade aos portugueses”.