Ana Rita Cavaco reagia às declarações do Presidente da República, que na quinta-feira disse estar preocupado com a reação à requisição civil por parte da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros, que admitiu as faltas ao trabalho e acenou com o risco de novas formas de luta “mais incontroláveis”.
“O Presidente da República tem toda a razão. É o que andamos a dizer e a alertar, que os enfermeiros estão a ser encostados a uma posição insustentável. Há uma greve que é lícita, quem o diz não é a ordem é a PGR no seu parecer, e ao insistirem em não negociar com os enfermeiros empurram-nos para situações de abandonos de serviço, essas sim que não são desejáveis”, afirmou Ana Rita Cavaco.
A bastonária, que se juntou hoje de manhã aos enfermeiros em protesto em frente ao Hospital de Santa Maria, em Lisboa, disse ainda que a informação que a Ordem tem é a de que foram cumpridos todos os serviços mínimos.
“A informação que temos é de que os serviços mínimos foram cumpridos. Esse sim é um papel de um regulador profissional e é por isso que convocámos uma reunião, com os enfermeiros diretores, com os sindicatos e o movimento da greve cirúrgica, para perceber o que é que aconteceu, se houve ou não violação dos serviços mínimos”, afirmou.
Sublinhando que a informação que a Ordem dos Enfermeiros tem é de que não houve violação dos serviços mínimos, Ana Rita Cavaco considerou que a requisição civil “não tem razão de ser”.
“O que é importante é o Governo perceber, de uma vez por todas, que os enfermeiros querem negociar, porque por muito que custe ao senhor primeiro-ministro, quem elege a sua bastonária são os enfermeiros, da mesma maneira de que quem elege o primeiro-ministro são os portugueses, e eu ganhei as eleições”, afirmou.
Segundo a bastonária, “hoje entraram mais três hospitais em greve e o tribunal arbitral decretou os serviços mínimos que tinha decretado na última greve”, sendo “até mais restritivo do que nos serviços mínimos decretados para o total dos sete hospitais” já em greve.
Esta segunda greve dos enfermeiros decorre até final do mês e, na quinta-feira, o Governo decretou a requisição civil para tentar travar a paralisação destes profissionais nos blocos operatórios, alegando que os serviços mínimos não tinham sido cumpridos.
A requisição civil abrange quatro centros hospitalares onde alegadamente não foram cumpridos os serviços mínimos: Centro Hospitalar e Universitário de S. João, no Centro Hospitalar e Universitário do Porto, no Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga e no Centro Hospitalar de Tondela-Viseu.
Os hospitais de Gaia/Espinho, Garcia de Orta (Lisboa) e Braga ficaram de fora da requisição civil.
Hoje, a greve em blocos operatórios foi alargada ainda a três novos hospitais pelo pré-aviso que já estava emitido desde finais de janeiro: Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, Hospital de Setúbal e Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte.
Assim, a greve em curso nos blocos cirúrgicos passa a abranger 10 hospitais, sendo que em quatro deles está decretada uma requisição civil.