O cumprimento entre os dois candidatos à liderança do PSD foi seco e frio, para cumprir protocolo. “Então, tudo bem?”, disseram ambos entre sorrisos. Depois de uma troca de impressões que pouco durou despediram-se com um até já enxuto. No entanto, mantiveram-se na mesma sala, a poucos metros um do outro, juntando a este encontro uma dose de desconforto, como quando cumprimentamos um conhecido – que preferíamos que não o fosse – na rua sem grande vontade, para o despachar, mas acabamos ambos a andar na mesma direção. As tentativas de disfarçar o embaraço acabaram minutos depois quando Passos Coelho entrou na sala, terminando todas as conversas de circunstância. Cumprimentam-se os três e sentaram-se, de seguida, lado a lado. O ainda presidente ficou entre Santana Lopes e Rui Rio.
O momento aconteceu esta tarde, no Centro Cultural de Belém, na apresentação do primeiro tomo de um estudo promovido pelo ex-líder da JSD Pedro Rodrigues. O livro, “Portugal ao pode esperar” – nome do movimento que dirigiu o estudo – é apenas o primeiro volume. Recorde-se que o principal promotor desta iniciativa é um dos críticos internos de Passos Coelho. O movimento que fundou, aliás, pretendia demonstrar que havia um outro caminho para Portugal mas também para o próprio PSD.
Na apresentação, Pedro Rodrigues agradeceu a presença de todos mas dirigiu-se diretamente aos três cabeças de cartaz: “é uma honra contar com a presença do presidente do PSD e do futuro líder” do partido. O ex-deputado começou por definir o movimento que levou a cabo a publicação deste primeiro tomo como um conjunto de pessoas que acredita que a solução para o país passa pelo “centro político moderado.” Estabelecendo o ponto de partida como divergente em relação ao caminho seguido pelo partido nos últimos tempos, Pedro Rodrigues afirmou, como que em modo de conselho – ou de aviso -, que ao PSD “não basta vencer eleições”, como demonstrar as últimas legislativas. É preciso que o partido esteja “disposto a liderar uma coligação de Governo”, concluiu.
A intervenção final coube a Passos Coelho. O líder social-democrata saudou a presença dos dois candidatos à sua sucessão no dia do primeiro debate entre ambos. “Quando aceitei o convite estava longe de imaginar que iria coincidir com o dia do primeiro debate televisivo”, confessou. Seguiu-se um elogio à iniciativa e à coragem de Pedro Rodrigues. “É extremamente louvável que num partido como o PSD os políticos com ideias próprias se preparem para acrescentar valor” e que o façam “com tanto rigor”. Ao longo da sua intervenção, Passos Coelho acabou por não deixar recados aos candidatos, já que como o próprio referiu, hoje não era “o protagonista.” Manteve o estilo que tem adotado desde que anunciou que não era candidato e abandonou a sala sem falar aos jornalistas. Antes, tinha sido a altura das despedidas. Algumas mais breves do que outras. Afinal de contas, Rio e Santana vão estar juntos dentro de poucas horas para o primeiro embate nesta corrida à liderança do PSD.