Há precisamente uma semana o CDS-PP fazia chegar uma pergunta ao Governo para entender as razões para não ter havido um prolongamento da fase Charlie. Os centristas defendiam que os incêndios que então iam consumindo mato pelo país fora eram o exemplo claro de que a fase mais crítica de incêndios florestais devia ter continuado para lá da data legalmente estipulada – 30 de setembro. O seccretário de Estado da Administração Interna respondeu dizendo que o “corte de 40 por cento” nos meios de combate, provocado pelo fim da fase Charlie, estava “devidamente calculado.” Na resposta, o Governo lembrou que, ainda que não tenha estendido a fase Charlie, reforçou o dispositivo de combate aos fogos. Sete dias depois, a 156 de outubro, de a pergunta ter entrado no Ministério da Administração Interna, Portugal acordava com a notícia de que as chamas tinham voltado a tirar a vida a 32 pessoas.
Ao longo do ano existem distintas fases de combate aos incêndios. De janeiro até meio de maio vigora a fase Alpha. Finda esta fase, inicia-se uma outra: a Bravo, que se estende até ao dia 30 de junho. De 1 de julho a 30 de setembro, os meses fortes do verão – e do calor -, o combate aos fogos é regido pela fase Charlie, aquela em que os meios estão na máxima força. O mês de outubro tem uma fase própria: a Delta, que termina no fim do mês para dar início à fase mais pacífica – a Echo, de 1 de novembro até 31 de dezembro.
Dependendo da fase do ano, o número de meios disponíveis para combater os incêndios florestais vai sofrendo alterações. Na fase Charlie, atinge o pico. Segundo o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF), este ano os meios humanos de prontidão durante a fase mais crítica chegavam aos 9740 operacionais. Um número que na fase Delta sofreu uma redução de quase 45% – 5518 operacionais disponíveis. As alterações também se verificam no número de veículos de prontidão disponíveis: a 1 de outubro passou-se dos 2053 veículos para os 1318, um corte de pouco mais de 35%. Já nos meios aéreos a redução registada a 15 de outubro era mais significativa: 65%. Os 47 meios aéreos disponíveis de 1 de julho a 30 de setembro passaram a ser 24 a 1 de outubro, 18 a 5 de outubro e 16 a 15 de outubro.
Para além dos dados relativos aos meios de combate há ainda a registar a mudança nos postos de vigia. Durante a fase Charlie há 236 postos espalhados por todo o país a funcionar. Na fase Delta não há nenhum que fique operacional.
As datas de início e de fim destas fases já foram antecipadas ou atrasadas noutros anos. A maior parte das vezes essa alteração deveu-se às condições climatéricas adversas. Este ano, por exemplo, a fase Charlie começou nove dias mais cedo e no ano pasado, outro exemplo, esta fase terminou apenas a… 15 de outubro.