A hipótese de uma terceira via sobre o Tejo, com tabuleiro rodoviário e linhas ferroviárias, que faria a ligação entre Chelas e o Barreiro ainda voltou a ser equacionada durante o governo Sócrates. Fizeram-se estudos de impacto ambiental, de mobilidade, de custos orçamentais, projetos, previsões, maquetes… mas tudo acabaria por ser abandonado no governo de Passos/Portas, com a argumentação da crise.
Agora, muitos autarcas da margem sul entendem que está na hora de se voltar a encarar seriamente a terceira ponte. “Consideramos que um investimento desta envergadura só faz sentido se se consubstanciar num investimento estratégico para todo o país. É o caso desta terceira ponte”, defende Carlos Humberto, presidente da Câmara do Barreiro. Não só, defende, poderia ajudar a equilibrar as duas margens, reforçando a integridade da área metropolitana de Lisboa, de forma a que “o rio fosse união e não separação», mas também as «acessibilidades ferroviárias previstas, sem os condicionalismo da Ponte 25 de Abril, permitiriam uma ligação muito mais rápida e direta a Madrid e consequentemente à Europa”.
“A terceira ponte sobre o Tejo é fundamental para desenvolver a economia do país, criando facilidades nas exportações e transportes de mercadorias. Diz-se que o nosso país é a porta atlântica da Europa, mas para que isso se concretize em termos económicos é necessário criarmos as vias”, continua o autarca.
Trata-se em primeiro lugar, garante, da ligação de Lisboa à Europa, mas para o concelho do Barreio que tem uma centralidade na margem sul, embora se encontra marginal em relação às acessibilidades (é o concelho mais distante das duas pontes), teria um enorme impacto. Com cerca de quinhentos mil habitantes, o concelho e os limítrofes Baixa da Banheira ou Quinta do Conde beneficiariam em termos económicos e industriais, “sobretudo com a criação de riqueza sustentável e um desenvolvimento global”.
“Não pensamos tanto na valorização imobiliária, como aconteceu em Alcochete. Isso chegaria por arrasto. Interessa-nos o desenvolvimento da região, o emprego e a reindustrialização”. Aliás, o Barreiro tem uma série de espaços industriais e edifícios abandonados – devido ao fim da indústria e à quebra populacional – e que poderiam ser reabilitados.
É evidente, admite o presidente da câmara, que os concelhos não podem todos querer ter a sua ponte. Por isso mesmo, continua Carlos Humberto, encara a terceira ponte sobre o Tejo como uma questão de “desenvolvimento regional e nacional”: “Importa a todos nós, é algo consensual, não se levantam problemas de impacto ambiental e não há nenhum concelho da região a quem não interesse”. No curto prazo, já há entidades públicas e privadas a estudar novamente o assunto, “seguiremos atentamente o assunto, e prometemos manter as devidas relações institucionais e desafiar o governo a ‘reolhar’ para o projeto”.
Segundo o Ministério do Planeamento e Infraestruturas não consta, no entanto, do seu plano estratégico dos próximos anos qualquer construção de uma terceira ponte sobre o Tejo, ainda que sem a hipótese do TGV