Paulo Agante recusa o epíteto de líder regional do movimento “Geração à Rasca” mas era nele que estavam concentradas as atenções das cerca de três centenas de viseenses que se deslocaram à praça do Rossio. Vê-se que não está à vontade no fato. Ainda assim, foi pior o que ‘vestiu’ na semana passada quando se viu rodeado pelos seguranças de José Sócrates e expulso do jantar onde o líder socialista apresentava a moção que vai levar ao congresso do partido. O episódio deixou o primeiro-ministro enrascado mas “não tanto como a situação em que se encontram tantos milhares de portugueses”, garante Paulo.
Apesar de poucos e da tarde chuvosa, em Viseu não faltou quem se aventurasse a subir ao pequeno palanque improvisado e pegasse no megafone para abrir a alma. E se a maioria dos que se mobilizaram para a jornada de protesto eram jovens, também havia manifestantes de outras gerações e de outras lutas. Por entre recordações do 25 de Abril e de canções como “Os Vampiros” de Zeca Afonso, ou mesmo da “Portuguesa”, as palavras de ordem não primaram pela originalidade. Entre os pedidos para que “acabem as políticas rascas” ou o refrão “precários nos querem, rebeldes nos terão”, brilhou a t’shirt de José Abrantes, um desempregado de 30 anos que imprimiu uma frase alusiva ao episódio que melindrou Sócrates: “José, eu também quero jantar”.
Mas a hora a que o evento terminou, com um cordão humano simbólico em torno da câmara municipal, ainda era de lanche.