Após uma redução de 18% na quarta-feira, a Gazprom anunciou uma nova quebra de quase 30% no trânsito do gás russo para os países europeus, que atribuiu à guerra na Ucrânia.
“A situação está a piorar porque a energia está agora a ser usada como arma de muitas maneiras”, disse o ministro da Energia alemão, Robert Habeck, citado pela agência francesa AFP, durante uma conferência de imprensa com o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba.
Como retaliação pelas sanções que enfrenta pela sua ofensiva militar contra a Ucrânia, a Rússia impôs na quarta-feira sanções a mais de 30 empresas energéticas ocidentais, a maioria delas propriedade da Gazprom Germania, a filial alemã do gigante russo do gás.
O Estado alemão colocou a empresa sob o seu controlo devido à sua importância estratégica.
A Gazprom anunciou também que deixaria de utilizar um gasoduto fundamental para o trânsito de gás para a Europa através da Polónia, em resposta às sanções ocidentais impostas à Rússia.
O trânsito do gás russo através dos gasodutos que atravessam a Ucrânia também foi reduzido desde quarta-feira, com uma estação de trânsito na fronteira russo-ucraniana a ser encerrada.
Na quarta-feira, a Alemanha disse que constatou uma queda de 25% no volume de gás russo a passar por um dos principais gasodutos que atravessam a Ucrânia.
Na conferência de imprensa com Habeck, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano apelou para que a Europa acabe definitivamente com a sua dependência do gás russo.
“Temos de cortar este oxigénio energético para a Rússia, e isto é particularmente importante para a Europa”, disse Kuleba.
O ministro ucraniano considerou que a Rússia já demonstrou que “não é um parceiro fiável”, pelo que a Europa não pode negociar com Moscovo nestas condições.
Habeck recebeu Kuleba dando-lhe as boas-vindas ao “Ministério da Economia, Proteção Climática e Apoio à Ucrânia”, segundo relato da agência alemã DPA, citada pela revista Der Spiegel.
Na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, a União Europeia (UE) e vários países, como os Estados Unidos e o Japão, decretaram sanções económicas contra interesses russos e têm enviado armamento para as forças armadas ucranianas.
Até agora, tanto Moscovo como Kiev têm mantido o fluxo de gás apesar dos combates, com a Rússia a insistir que é um parceiro energético fiável apesar das sanções e do conflito.
A União Europeia tem tentado preparar-se para uma rutura nos fornecimentos desde que o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou o pagamento das entregas na moeda do país, o rublo, uma alteração contratual que a UE considera inaceitável.
A longo prazo, a UE quer ver-se livre da sua dependência energética da Rússia, que representa uma linha financeira para Moscovo.
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