Um ET acaba de aterrar, com estrondo, no cenário político dos EUA. Chama-se Zohran Kwame Mamdani, tem 33 anos, é muçulmano e socialista, e ganhou no passado dia 25 as primárias do Partido Democrata para se candidatar à presidência da câmara de Nova Iorque nas eleições gerais de 4 de novembro. E atente-se que derrotou um adversário de peso – Andrew Cuomo, ex-governador de Nova Iorque entre 2011 e 2021, quando se demitiu na sequência de um escândalo sexual, mas que tentou um regresso político com o apoio de nomes como os do ex-Presidente Bill Clinton e do ex-presidente da câmara Michael Bloomberg, além de generosas doações financeiras para a sua campanha de grandes proprietários da cidade e bilionários ligados a fundos especulativos. Com quase todos os votos escrutinados (cerca de um milhão), porém, já Mamdani batia claramente Cuomo: 43,5% contra 36,4 por cento.
Como foi possível um jovem deputado estadual, assumidamente socialista, ganhar aquelas eleições e posicionar-se enquanto possível futuro presidente da câmara de Nova Iorque (se o conseguir, será o primeiro muçulmano a exercer a função), a “capital do capitalismo”, como Wall Street designa a cidade? Zohran Mamdani parecia ter tudo contra ele, nestes tempos polarizados pelo trumpismo. Para lá das suas convicções políticas, possui o estigma de migrante de ascendência indiana (é filho de Mira Nair, hoje uma conceituada cineasta, e do professor Mahmood Mamdani, que leciona na Universidade de Columbia – ambos antigos alunos de Harvard) que nasceu na africana Kampala, capital do Uganda. A família emigraria para a África do Sul, tendo vivido na Cidade do Cabo, e depois rumou a Nova Iorque, quando Zohran tinha apenas 7 anos. Mamdani reúne, pois, todos os anticorpos que enfurecem a Administração Trump.
Parece impossível até que seja feito
Quando ganhou as primárias democratas
em Nova Iorque, citou Mandela