Após a tomada de posse, na passada-segunda, o novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não perdeu tempo a assinar uma série de ordens executivas. Entre essas ordens, assinadas logo nas primeiras horas de mandato, esteve o perdão presidencial concedido, não só aos acusados do atentado ao Capitólio de 6 de janeiro de 2021, mas também a Ross Ulbricht, um cidadão norte-americano, condenado a prisão perpétua, no âmbito da exploração de um mercado da Dark Web, o Silk Road.
Conhecido pelo nome online “Dread Pirate Roberts” (DPR), Ulbricht, de 40 anos, foi sentenciado a prisão perpétua, sem a possibilidade de liberdade condicional, em 2015, após ter sido apanhado a operar um mercado online de venda de drogas ilegais, passaportes falsificados e equipamento de pirataria informática utilizando Bitcoin como moeda de troca. O jovem, na altura com 26 anos, foi ainda condenado ao pagamento de uma multa no valor de 183,9 milhões de dólares – 176,58 milhões de euros.
Em 2022, Ulbricht escreveu uma carta ao então Presidente dos EUA, Joe Biden, para pedir a sua libertação. “Durante inúmeras horas, procurei na minha alma e examinei as decisões erradas que tomei quando era mais novo”, escreveu, referindo que desejava voltar a ter um futuro e que construir uma família.
Contudo, o perdão presidencial só chegou esta semana, pelas mãos de Donald Trump, o novo presidente dos Estados Unidos. O republicano escreveu esta terça-feira na rede social Truth Social que ligou pessoalmente à mãe de Ulbricht para lhe dar a notícia, acrescentando que os responsáveis pela condenação de Ulbricht foram os mesmos “lunáticos” que estiveram envolvidos na instrumentalização de instituições governamentais contra o próprio, referindo-se ao seu julgamento.
Ulbricht foi libertado esta terça-feira de um estabelecimento prisional no estado do Arizona, de acordo com a agência Reuters.
O que era a Silk Road?
De nome “Silk Road” (em português, “Rota da Seda”) – numa clara referência às rotas comerciais históricas – este site clandestino foi desenvolvido por Ulbricht no início de 2011 e manteve-se em funcionamento até outubro de 2013, altura em que foi encerrado pelo FBI. Na plataforma eram comercializadas várias drogas ilegais – distribuídas a mais de 100 mil compradores – bem como passaportes falsos e equipamento de pirataria informática. Durante o julgamento, Ulbricht reconheceu ter criado o Silk Road, que, segundo o seu advogado, tinha por objetivo ser um “mercado livre”.
Ulbricht foi acusado pela justiça norte-americana por conspiração para tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e de utilizar um sistema de pagamento baseado em Bitcoin para facilitar a atividade ilegal no site, tendo lucrado mais de 13 milhões de dólares – 10,11 milhões de euros – em comissões. A Silk Road foi ainda associada à morte por overdose de seis pessoas, entre elas um antigo funcionário da Microsoft. “Ulbricht era um traficante de droga e um criminoso que explorava os vícios das pessoas e contribuiu para a morte de, pelo menos, seis jovens”, defendeu Preet Bharara, procurador de Nova Iorque, na altura da sua detenção.