Todos os presidentes dos Estados Unidos tomam posse a 20 de janeiro. Se este dia calhar um domingo, a cerimónia pública passa excecionalmente para dia 21, mas, ainda assim, o eleito faz o seu juramento em privado, na véspera.
Como neste caso a questão não se põe, a cerimónia de regresso de Donald Trump à Casa Branca desta segunda-feira inclui o juramento, o discurso de tomada de posse e atuações de vários artistas, entre os quais, destacam os media norte-americanos, a galardoada com um Grammy Carrie Underwwod, que deverá cantar “America the Beautiful”.
Mas nem sempre os presidentes dos Estados Unidos tomaram posse a 20 de janeiro. Depois da eleição do primeiro presidente norte-americano, o Congresso definiu que a cerimónia aconteceria a 4 de março de 1789. Apesar de George Washington ter acabado por só tomar posse várias semanas depois, a 30 de abril, devido ao mau tempo, 4 de março foi a data da tomada de posse da maioria dos novos presidentes e vice-presidentes do país durante cerca de 150 anos, exceção feita para 1821, 1849, 1877 e 1917, quando esse dia calhou a um domingo.
Com as eleições presidenciais a decorrerem em novembro, há vários passos até à tomada de posse efetiva, que incluem a votação formal dos delegados no Colégio Eleitoral e a certificação dos votos pelo Congresso, o que justifica as cerca de seis semanas – 73 a 79 dias, mais precisamente – entre um evento e outro. Às formalidades do sistema eleitoral americano acrescia, na altura, o tempo que era preciso para contar os votos e que incluía a maior dificuldade nas deslocações rodoviárias.
Explica à Time Shannon Bow O’Brien, professor no departamento do governo da Universidade do Texas, em Austin, que este tempo distendido em que coexistiam duas Administrações dava origem a alguns conflitos, como ainda acontece atualmente, mesmo com esse período encurtado: “Temos estes período em que temos praticamente dois Presidentes. É o que vemos agora: Donald Trump ainda é um cidadão comum até segunda-feira, mas todos o tratam quase como se já fosse o Presidente e Joe Biden está a colocar-se em segundo plano a muitos níveis. É como se tivéssemos dois Presidentes agora e isso era o que acontecia ao longo de cerca de quatro meses.”
Para evitar este compasso de espera confuso entre Administrações, o “Inauguration Day”, como é chamado o dia da tomada de posse, o período foi encurtado, um adiantamento possível graças à rapidez que os avanços tecnológicos foram introduzindo na contagem dos votos, assim como a maior facilidade nas deslocações.
Assim, em 1933, foi ratificada a 20ª Emenda, estabelecendo o 20 de janeiro como o dia da tomada de posse, o que aconteceu, pela primeira vez, em 1937, mantendo-se a tradição até agora.