O Governo talibã do Afeganistão anunciou esta segunda-feira uma lei que proíbe os meios de comunicação social de publicarem imagens de seres vivos. “A lei aplica-se em todo o Afeganistão (…) e será implementada gradualmente”, explicou Saiful Islam Khyber, porta-voz do Ministério da Promoção e Prevenção da Virtude à agência de notícias francesa AFP.
De acordo com Khyber, vários jornalistas de diferentes províncias do país já tinham sido avisados sobre a aplicação da medida que estabelece várias regras para os meios de comunicação social, incluindo a proibição de publicação de imagens de seres vivos e de “conteúdos hostis à ‘sharia’ e à religião”, que “humilhem os muçulmanos” ou contradigam a lei islâmica.
Para o governo talibã, a publicação de imagens de pessoas é contrária à lei islâmica. “Não será usada coerção na aplicação da lei”, disse Khyber. “É apenas um conselho, e convencer as pessoas de que estas coisas são realmente contrárias à sharia [lei] e devem ser evitadas”, acrescentou.
Vários aspetos da nova lei ainda não foram aplicados e as autoridades talibãs continuam a publicar fotografias de pessoas nas redes sociais. Alguns jornalistas no país contaram à AFP que receberam garantias das autoridades, após o anúncio da lei, de que poderiam continuar o seu trabalho. “Até à data, no que se refere aos artigos da lei relacionados com os meios de comunicação social, estão a ser feitos esforços em muitas províncias para a sua aplicação, mas isso ainda não começou em todas as províncias”, disse Khyber.
No verão passado, as autoridades promulgaram uma lei de 35 artigos que visam “promover a virtude e prevenir o vício” entre a população e que se encontram em conformidade com a ‘sharia’, imposta no país após o regresso dos talibãs ao poder no Afeganistão.
Segundo a AFP, quando as autoridades talibãs tomaram o controlo do país, em 2021, o Afeganistão tinha 8 400 pessoas a trabalhar nos meios de comunicação social. Atualmente, apenas 5 100 continuam a exercer a profissão.
As imagens de seres vivos já tinham sido proibidos em todo o país, entre 1996 a 2001, quando este foi governado pelos talibãs.