O incêndio deflagrou na madrugada de 14 de junho de 2017, num apartamento do quarto andar da Torre Grenfell, e alastrou-se rapidamente pelo edifício de 25 andares, alimentando-se do revestimento inflamável dos painéis nas paredes exteriores. Morreram 72 pessoas.
A Torre Grenfell, em betão e datada da década de 1970, tinha sido revestida com alumínio e polietileno, durante uma remodelação nos anos anteriores ao incêndio.
O relatório divulgado esta quarta-feira pela comissão encarregue da investigação à tragédia, aponta o dedo às empresas que fabricaram esse revestimento, a quem acusa de “desonestidade sistémica”, e ao governo, por ter ignorado os avisos sobre os riscos, apesar de estar “bem ciente” de que poderiam ser fatais e por “não ter agido com base no que sabia”.
“O governo foi complacente, defensivo e indiferente” quanto à segurança contra incêndios do edifício, havia uma “relação inapropriada” entre os inspetores e os que estavam a ser alvo da inspeção e os residentes da torre que mostraram preocupações acerca da segurança foram desvalorizados como “pertMartin Moore-Bickurbadores militantes”. Estas são algumas as conclusões do inquérito, liderado por Martin Moore-Bick, agora publicadas num relatório de quase 1700 páginas e que resulta de anos de trabalho e de centenas de testemunhas.
O documento concluiu também que a tragédia foi o culminar de décadas em que os responsáveis fecharam os olhos aos riscos de ter materiais inflamáveis a revestir edifícios altos, riscos esses que estavam identificados desde 1991, quando um incêndio de enormes proporções destruiu outra torre habitacional, em Merseyside.