Desde a morte do ditador Francisco Franco, em 1975, a Espanha teve nove presidentes de governo (entenda-se, primeiros-ministros). Nenhum deles se distinguiu por ser poliglota. À exceção do mais recente, Pedro Sánchez, os outros nem sequer arranhavam, por exemplo, um pouco de inglês, o que, convenhamos, não impediu o país de consolidar a sua democracia e ganhar influência internacional, apesar do estigma e da perceção generalizada de que os espanhóis não têm jeitinho nenhum para idiomas. Uma assunção injusta e que não corresponde à realidade. E não é por nuestros hermanos serem, há mais de três décadas, os principais clientes e bolseiros do programa Erasmus ou disporem de um dos mais versáteis e qualificados contingentes de tradutores-intérpretes nas instituições da União Europeia. Entre os 46 milhões de súbditos de Filipe VI, cerca de metade consegue falar duas ou mais línguas, além do castelhano. Basta ser tida em conta a importante diversidade linguística do maior estado soberano da Península Ibérica.
Muitos portugueses acham que falam, percebem e até podem escrever bem em castelhano, galego ou catalão – deveriam fazer o mesmo exercício em basco. Estas são as línguas que, desde 19 de setembro, podem ser usadas no Congresso dos Deputados (a câmara baixa do Parlamento), e é uma das consequências do atual momento político do país, após as legislativas de 23 de julho. Praticamente todas as sondagens apontavam, então, os conservadores do Partido Popular (PP) como favoritos e Alberto Núñez Feijóo como o mais que provável chefe do executivo, com uma confortável maioria parlamentar – nem que fosse à custa dos neofranquistas do Vox, de Santiago Abascal.
Independentistas catalães exigem que Pedro Sánchez permita um referendo na região. Ou isso ou novas eleições a 14 de janeiro