O anfitrião, o primeiro-ministro Narendra Modi, cumprimentou-os um a um em Raj Ghat, o local onde Gandhi foi cremado em janeiro de 1948, um dia depois de ter sido assassinado por um ideólogo nacionalista hindu.
Cada um dos líderes inclinou a cabeça perante o primeiro-ministro indiano para que Modi lhe atasse uma estola de cor creme ao pescoço, segundo o relato da agência francesa AFP.
O chefe do Governo esperava-os em frente a uma enorme fotografia a cores do ‘ashram’ de Sabarmati, o retiro espiritual onde Gandhi viveu durante muito tempo, situado no estado natal de Modi, Gujarat.
O ‘ashram’ é um local que muitos líderes visitaram em viagens oficiais à Índia, como o norte-americano Donald Trump em 2020, ou o britânico Boris Johnson em 2022.
Os líderes do G20 foram então convidados a juntar-se a Modi, descalço, em frente a uma placa de mármore preto, decorada com grinaldas de malmequeres laranja e amarelos.
Ali, uma chama eterna celebra a memória de Gandhi (1869-1948), o apóstolo indiano da não-violência.
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi um dos líderes que optaram por chinelos de feltro para se deslocar no local, onde os sapatos são proibidos em sinal de respeito.
Após a interpretação de um hino hindu, todos guardaram um minuto de silêncio diante das coroas fúnebres enviadas por cada Estado.
O memorial é um dos locais mais sagrados da capital indiana, onde mais de um milhão de pessoas seguiram os restos mortais de Gandhi após ter sido assassinado.
Desde então, os mais altos dignitários do Estado indiano foram cremados no local.
Gandhi foi assassinado durante uma oração multirreligiosa por Nathuram Godse, um fanático hindu que não suportava a sua atitude apaziguadora em relação aos muçulmanos do país.
Embora Modi sempre se tenha abstido de apoiar os militantes nacionalistas que estão a tentar reabilitar a memória de Godse, que foi executado em 1949, nunca o condenou explicitamente.
O primeiro-ministro nacionalista hindu aproveitou a oportunidade da cimeira de Nova Deli para promover o nome antigo da Índia, “Bharat”, que remonta a antigos textos hindus escritos em sânscrito.
A sua utilização por Modi é o sinal mais forte até à data de uma potencial mudança do nome herdado do passado colonial.
Os hindus constituem a esmagadora maioria dos 1,4 mil milhões de habitantes da Índia, mas muitas minorias religiosas, nomeadamente os mais de 200 milhões de muçulmanos, receiam que Modi queira voltar a transformar o país numa nação hindu.
No sábado, o G20 acolheu oficialmente a União Africana (UA), um sinal forte para África e uma vitória diplomática para a Índia, que está a emergir como líder dos países do Sul.
Modi conseguiu que os participantes na cimeira adotassem uma declaração final, apesar de ter sido necessário fazer concessões para chegar a um consenso.
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