Imran Khan, primeiro-ministro até abril de 2022 e líder do partido Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI), não compareceu à audiência, tendo o juiz ordenado a detenção do ex-chefe de Governo paquistanês, o que já foi feito pela polícia paquistanesa.
“A polícia prendeu Imran Khan na sua residência [em Lahore, leste] depois de o tribunal de Islamabade o ter condenado a três anos de prisão”, confirmou à agência noticiosa espanhola EFE o vice-presidente do PTI, Shah Mahmood Qureshi.
“O juiz Humayun Dilawar anunciou que foi provado o envolvimento [de Khan] em práticas de corrupção”, indicou a televisão paquistanesa.
A condenação é um novo golpe para a tentativa de Khan de regressar ao poder. Desde que foi afastado do poder, através de uma moção de desconfiança no parlamento, em abril de 2022, Khan foi alvo de mais de 150 processos judiciais, incluindo vários por acusações de corrupção.
Khan também foi acusado de terrorismo e de incitamento à violência durante os violentos protestos de maio, em que os seus seguidores atacaram instalações governamentais e militares em todo o país.
A condenação poderá, assim, ter comprometido o futuro político de Khan, refere a agência noticiosa France-Presse (AFP), temendo-se agora uma nova onda de manifestações e de protestos, à semelhança do que aconteceu em maio passado, quando o já então ex-chefe do Governo foi detido.
Khan e os seus seguidores têm trabalhado para o regresso ao poder político, alegando que os norte-americanos estão por trás do voto de desconfiança de 2022 que lhe custou o cargo de primeiro-ministro.
Após a detenção de Khan, em maio, o Paquistão foi alvo de violentas manifestações dos apoiantes do PTI, tendo milhares deles atacado o quartel-general militar na cidade-guarnição de Rawalpindi, invadido uma base aérea em Mianwali, na província oriental de Punjab, e incendiado um edifício onde se encontrava a estação estatal Radio Pakistan, no noroeste do país.
A violência só diminuiu depois de Khan ter sido libertado por ordem do Supremo Tribunal do Paquistão. Desde então, pelo menos 10 pessoas morreram em confrontos entre apoiantes de Khan e a polícia, que prendeu mais de 5.000 pessoas relacionadas com os tumultos.
A maioria foi libertada sob fiança enquanto aguarda julgamento.
Além dos processos em tribunal civil, as forças armadas paquistanesas afirmam ter recebido casos de 102 civis para serem julgados em tribunais militares pelo seu envolvimento e garantiu que os acusados terão direito a um julgamento justo.
A organização de defesa e promoção dos direitos humanos Amnistia Internacional (AI) opôs-se aos planos dos militares paquistaneses, afirmando que o julgamento de civis em tribunais militares constitui uma violação do direito internacional.
A Amnistia afirmou ter documentado numerosas violações dos direitos humanos em anteriores julgamentos de civis por tribunais militares paquistaneses, incluindo a falta de um processo justo e de transparência, confissões coercivas e execuções após processos “grosseiramente injustos”.
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