Um dos feridos no ataque com faca que aconteceu em Annecy, no sudeste de França, esta quinta-feira, é português, segundo confirma o Ministério dos Negócios Estrangeiros. “No decurso do trágico acontecimento, um cidadão português, ao tentar impedir o atacante de fugir da polícia, ficou gravemente ferido, estando neste momento já fora de perigo”, lê-se. “Pelo acto de coragem e bravura, uma palavra de profundo agradecimento”.
Segundo o site francês TF1, o homem de 72 anos foi atingido duas vezes no pescoço pelo atacante, tendo sido, de seguida, atingido por uma bala, disparada acidentalmente por um agente da polícia.
O ataque provocou uma avalanche de reações no mundo político, com parlamentares de direita e de extrema-direita a destacarem a origem e o estatuto do agressor, um refugiado sírio de 31 anos.
“Repostas terão de ser dadas (…). Mas não entendo, quando estamos num momento de emoção, quando há crianças em blocos de cirurgia, que uns e outros entrem num jogo nada saudável de explicações e justificativas. Não é hora de se fazer isso”, alertou Olivier Véran, do governo francês.
“Precisamos de transparência, é óbvio, e devemos fazer de tudo para que este tipo de tragédia não volte a acontecer. Mas primeiro temos de fazer todo este trabalho preliminar” de investigação, acrescentou.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, é esperado hoje na cidade de Annecy.
As motivações do agressor ainda não foram esclarecidas e o ataque não tem um “motivo terrorista aparente”, de acordo com a procuradoria francesa.
“Não é uma deslocação para gerar polémica”, sublinhou o porta-voz do Governo, assinalando que Macron vai a Annecy para visitar as vítimas e as suas famílias, bem como os agentes e os serviços de emergência que intervieram no local do ataque.
O agressor, Abdelmasih H., está sob custódia das autoridades policiais e hoje será submetido a um exame psiquiátrico.
Em alguns dos vídeos que circulam na internet, ouve-se o agressor a gritar “em nome de Jesus Cristo” enquanto realizava o ataque.
O atacante usava um crucifixo e entre os seus pertences estava um livro de orações. Declarou-se cristão quando pediu asilo.
Há dez anos obteve o estatuto de refugiado na Suécia, onde se casou e tem um filho com uma mulher de quem se separou no ano passado.
Desde o final de 2022 está em França onde pediu asilo, mas não tem morada fixa.
A resposta ao pedido de asilo, que foi negativa, chegou-lhe no passado domingo, ou seja, dias antes do ataque no parque em Annecy, como sublinharam as autoridades francesas.