Em causa está, segundo o antigo presidente americano, o pagamento à atriz pornográfica Stormy Daniels, que, alegadamente, teve um caso com Trump. A atriz alega que dias antes da campanha eleitoral para as presidenciais norte-americanas de 2016, recebeu um pagamento de 130 mil dólares (cerca de 105 mil euros) para se manter em silêncio sobre a relação.
Numa longa publicação na Truth Social, no sábado, em que se assumiu como vítima de uma “caça às bruxas”, por ser, “de longe, o candidato líder do Partido Republicano”, Donald Trump avançou que está a contar ser detido já esta terça-feira – apesar de um porta-voz, citado pelos meios de comunicação americanos, ter dito que não recebeu qualquer notificação nesse sentido – apelando aos seus apoiantes para, se se confirmar a prisão, protestarem contra as autoridades.
“Eu não fiz nada de errado”, escreveu Trump, antes de criticar um “sistema judicial corrupto, depravado e militarizado”. O republicano tem sempre negado o caso e acusado Daniels de extorsão.
Na mira do ex-presidente tem estado o procurador de Manhattan, o democrata Alvin Bragg, a que acusa de fazer de si um alvo, e este pode ser um dos argumentos que Trump tentará usar, a par com a prescrição do alegado crime. Neste caso, em Nova Iorque, o prazo de cinco anos pode ser distendido caso o acusado tenha estado fora (e esteve, claro, na Casa Branca, em Washington). Trump pode, por seu lado, argumentar que servir como presidente do país não encaixa nessa exceção.
A nível político, não é claro o que pode a eventual detenção representar para a sua candidatura às eleições presidenciais de 2024.
A confirmar-se, Donald Trump poderá ser o primeiro ex-presidente a enfrentar uma acusação criminal e ter de ir a julgamento – e isto enquanto faz campanha para regressar à Casa Branca. Os especialistas acreditam que se for a julgamento, este nunca ocorrerá antes do prazo de um ano, o que sentaria Trump no banco dos réus nos últimos meses de 2024 – as eleições estão marcadas para 5 de novembro.
Na sexta-feira, Joe Tacopina, advogado de Trump, disse à CNBC que o seu cliente se entregará, em Nova Iorque, se formalmente acusado. Se não fosse o caso, poderia ter de ser extraditado da Florida, onde vive atualmente.
O mais provável, consideram os analistas, é que os advogados combinem uma data com as autoridades para a entrega.