Os seguranças dos aeroportos dos Estados Unidos têm testemunhado um aumento de casos em que os passageiros transportam consigo armas de fogo carregadas. Nos últimos meses, foram apanhados passageiros que carregavam as pistolas nas mãos, nos bolsos, nas malas de bagagem e, mais criativos, enfiadas dentro de um frango cru, frascos de manteiga de amendoim, uma PlayStation ou até dentro de uma ligadura no braço.

Apesar de este não ser um problema de agora, o número de casos tem aumentado cada vez mais com o passar dos anos, e provavelmente, acreditam os especialistas, a escalada continuará à medida que sobem também as vendas de armas de fogo e mais estados optarem por facilitar o seu transporte.
No ano passado, a Administração de Segurança dos Transportes (TSA) dos EUA apreendeu 6542 armas de pessoas prestes a embarcar em aviões em 262 aeroportos, o que traduz um aumento de seis vezes desde 2010. Quase nove em cada dez das armas estavam carregadas.
Jeffrey Price, ex-diretor assistente de segurança do aeroporto internacional de Denver e co-autor de um livro sobre segurança da aviação, tem uma teoria para explicar estes números: “Muitas dessas pessoas que compram uma arma no calor do momento, deixam-na na mala do computador ou na bolsa e depois esquecem-se que a têm. Quando se dão conta estão no aeroporto e, ‘oh, meu Deus, esqueci-me que tinha posto isso aí'”.
Esta é, aliás, uma teoria corroborada pela TSA: os passageiros que alegam esquecer-se que têm uma arma é a explicação mais comum e frequentemente aceite pela polícia.
Mas também existe um conjunto de passageiros que, segundo Price, assumem que ter autorização para porte de arma equivale a poder transportá-la para qualquer lugar, a qualquer hora, o que não é verdade. “E depois há os acham simplesmente que podem passar despercebidas e que a TSA não vai notar,” acrescenta, citado pelo The Guardian.
Neste tipo de casos, o desenrolar da situação depende da abordagem que os seguranças têm. Em algumas cidades, o passageiro infrator é conduzido para fora do aeroporto algemado. Mas não é incomum pedirem ao passageiro para ir colocar a arma no carro e voltar para embarcar no voo.
No topo da tabela do número diários de apreensões está o aeroporto de Atlanta, com mais de uma por dia. “É muito alarmante”, disse Balram Bheodari, gerente deste aeroporto, numa audiência no Congresso no ano passado sobre o número recorde de armas apreendidas. “Oitenta e seis por cento dessas armas tinham um cartucho na câmara ou a arma carregada. Isto é muito, muito alarmante”.
Mas mais alarmante do que as armas que são descobertas, são as que passam efetivamente disfarçadas. Em 2015, a ABC News revelou que a TSA fez um testes e fez investigadores disfarçados tentar passar os postos de controlo do aeroporto com armas reais e bombas falsas. O resultado foi assustador: os agentes de segurança descobriram apenas três dos 70 itens. Nessa altura, o diretor da TSA foi demitido e o Departamento de Segurança Interna prometeu reformas. Ainda assim, dois anos depois, os agentes de segurança continuavam sem conseguir detetar cerca de 80% das armas usadas nos testes.