O alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, admitiu hoje ter ficado “verdadeiramente horrorizado” pelo massacre de civis na República Democrática do Congo (RDC), que planeava visitar no próximo ano.
Pelo menos 131 civis, incluindo 17 mulheres e 12 crianças, foram arbitrariamente executados a tiro ou facadas no final de novembro em duas aldeias no leste da RDC, de acordo com uma investigação preliminar da ONU divulgada na quinta-feira.
Existe “uma necessidade real de acabar com estas lutas que estão a acontecer em diferentes partes do país, em particular no Kivu do Norte. São sempre os civis que mais sofrem com isso”, defendeu Turk, em conferência de imprensa hoje realizada em Genebra.
Reconhecendo estar “profundamente preocupado com a situação, especialmente no que diz respeito ao exercício das liberdades democráticas no país”, o alto-comissário defendeu que a RDC “tem de continuar a ser seguida, especialmente do ponto de vista dos direitos humanos”.
Isso “é muito importante”, sublinhou.
Baseada em relatos de testemunhas oculares e tornada pública na noite de quarta-feira pela missão da ONU na República Democrática do Congo (Monusco), a investigação preliminar da ONU acusa o movimento rebelde M23 das execuções e de cometer violações e pilhagens, em 29 e 30 de novembro, nas aldeias de Kishishe e Bambo.
As autoridades de Kinshasa indicaram na segunda-feira que o número de mortos era de 300, na aldeia de Kishishe, na província de Kivu Norte.
“As vítimas foram executadas arbitrariamente por balas ou com armas brancas”, disse a Monusco, através de uma declaração, que acrescenta que “oito pessoas foram também feridas por balas e outras 60 foram raptadas. Pelo menos 22 mulheres e cinco raparigas foram violadas”.
“A violência foi cometida como parte de uma campanha de assassinato, violação, rapto e pilhagem contra estas duas aldeias em território Rutshuru, em retaliação aos confrontos entre as milícias M23 e as FDLR (Forças Democráticas de Libertação do Ruanda) e outros grupos armados”, afirma a declaração.
A investigação foi conduzida pelo Gabinete Conjunto dos Direitos Humanos da ONU (UNJHRO) e Monusco, que “entrevistou 52 vítimas e testemunhas diretas e várias outras fontes” em Rwindi (a 20 quilómetros de Kishishe), onde se encontra uma base Monusco e onde as vítimas e testemunhas se refugiaram, afirmou.
Os investigadores não puderam ir a Kishishe e Bambo “devido a restrições de segurança, uma vez que Kishishe é atualmente controlada pelo M23 e ao elevado risco de represálias contra as vítimas e testemunhas ainda presentes na área”, disse a Monusco.
A 01 de dezembro, o exército congolês acusou o M23 de ter massacrado pelo menos 50 civis em Kishishe, um número rapidamente revisto em alta pelo Governo.
A ONU comemora no sábado o Dia Internacional dos Direitos Humanos, dia em que se assinala o aniversário da adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948.
PMC (SMM) // APN