“Após semanas de intensas e produtivas negociações, a Rússia decidiu de forma isolada bloquear o consenso sobre o documento final” no final da conferência de revisão do TNP, após quatro semanas de trabalhos, disse o porta-voz adjunto do Departamento de Estado dos EUA, Vedant Patel.
E fê-lo com o único objetivo de “bloquear elementos de linguagem que apenas reconhecem os riscos radiológicos na central nuclear de Zaporíjia”, ocupada pelo exército russo na Ucrânia, disse Vedant Patel, num comunicado de imprensa.
A central de Zaporíjia, a maior da Europa, foi ocupada pelas tropas russas no início de março, logo após o início da invasão em 24 de fevereiro, e fica perto da linha de frente de combates no sul.
Kiev e Moscovo acusam-se mutuamente de efetuar bombardeamentos perto do complexo nuclear e, assim, colocar a central em perigo.
A empresa operadora das centrais nucleares ucranianas, a Energoatom alertou no sábado que Zaporíjia está a funcionar mas com risco de fuga de elementos radioativos e incêndio.
Representantes dos 191 países signatários do TNP, que visa impedir a disseminação de armas nucleares, promover o desarmamento completo e a cooperação para a utilização pacífica da energia nuclear, estão reunidos na sede das Nações Unidas em Nova Iorque desde 01 de agosto.
Mas a Rússia impediu a adoção de uma declaração conjunta na sexta-feira, denunciando no rascunho do texto final “certos parágrafos descaradamente políticos”.
“Apesar da obstrução cínica da Rússia, o facto de todas as outras partes apoiarem o documento final demonstra o papel essencial do tratado na prevenção da proliferação nuclear”, saudou Patel no comunicado de imprensa.
No sábado, a Áustria, país neutro e sem centrais nucleares, denunciou, no entanto, a atitude da Rússia e das outras grandes potências.
“Ao contrário dos compromissos de desarmamento consagrados no TNP, os cinco Estados com armas nucleares – Estados Unidos, França, China, Reino Unido e Rússia – estão a aumentar ou a aperfeiçoar os seus arsenais”, escreveu o governo austríaco também num comunicado à imprensa, em que denuncia que a falta de “vontade percetível se aplica obrigações contratuais anteriormente não cumpridas”.
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