Segundo a investigadora do Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP), a Guiné-Bissau acolhe cinco das sete espécies de tartarugas marinhas que existem no mundo e é considerada o “santuário da tartaruga verde”.
A ilha do Poilão é o primeiro centro da desova da tartaruga marinha de África e terceiro do mundo, a seguir a Costa Rica e a ilha de Ascensão, um território britânico a sul do Atlântico.
Dados do IBAP estimam que entre os meses de agosto e novembro, todos os anos, cerca de 21 mil tartarugas marinhas, migradas de todo o mundo, põem ovos na ilha de Poilão.
“Neste momento, consideramos que temos uma população estável segundo as informações da monitorização que realizamos e também sabemos que temos tido muitas fêmeas que vêm desovar nas praias, principalmente das ilhas do Poilão que é o sítio piloto dessas tartarugas em todo o mundo”, observou a bióloga guineense.
Aissa de Barros assinalou que praticamente todas as praias da Guiné-Bissau e quase todas as ilhas do país acolhem ciclos de desova das tartarugas marinhas, mas a ilha de Poilão, com pouco mais de dois quilómetros de comprimento, supera todos os lugares.
“Em 2020 só na ilha de Poilão contabilizamos cerca de 80 mil fêmeas que vieram para as praias para a desova, mas se extrapolarmos estes números em todo o país teremos uma população bastante grande”, disse a bióloga.
A investigadora considera que a situação da espécie é estável na Guiné-Bissau, mas avisou que persistem ameaças de predadores naturais, nomeadamente de alguns animais, mas também por parte de humanos através da pesca.
Aissa de Barros notou que as tartarugas marinhas são espécies migratórias que em certos casos conseguem atravessar oceanos.
O abate, o consumo da carne e de ovos da tartaruga marinha são proibidos por lei na Guiné-Bissau, mas a bióloga defende que sem o reforço da ação de sensibilização e de consciencialização da população “haverá sempre os riscos de as ameaças” se concretizarem.
O foco dessa ação tem sido as ilhas Bijagós onde ainda existe o ritual do uso da carne da tartaruga, notou Aissa de Barros.
“Trabalhamos diretamente com grupos das comunidades locais, os jovens, os decisores, as crianças, então, as pessoas têm um certo conhecimento sobre as tartarugas, mas claro que as ameaças ainda continuam”, destacou a investigadora do IBAP.
O IBAP e outras entidades guineenses “contam muito” com instituições portuguesas, nomeadamente o ISPA (instituto Universitário de Ciências Psicológica, Sociais e de Vida) e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa na produção de conhecimentos sobre a melhor forma de conservação e proteção das tartarugas marinhas.
Como resultado dessa colaboração que já dura há 20 anos, Portugal tem ajudado a Guiné-Bissau, através do IBAP, dando bolsas de mestrado para técnicos guineenses, assinalou ainda Aissa de Barros.
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