“A percentagem sobe para 60% se incluirmos a indústria mineira. Já foram concedidas licenças em 27% das áreas protegidas”, disse Georges Belmond Tchoumba, coordenador regional do programa florestal da organização World Wild Fund for Nature (WWF) na África Central, num comunicado.
Numa conferência online sobre áreas protegidas que abrange dez países da África Central, incluindo Camarões, Chade, República Democrática do Congo e Gabão, vários peritos apelaram aos Estados da região para que elaborassem planos de desenvolvimento para o seu território, a fim de encontrar um compromisso entre a necessidade de explorar os recursos naturais para o desenvolvimento económico e o imperativo de preservar a natureza.
Embora “a África Central quase cumpra os objetivos internacionais, em termos de áreas protegidas”, que cobrem 800.000 quilómetros quadrados, “estas áreas são frequentemente mal geridas e poderiam ser melhoradas”, lamentam os autores do relatório.
“Percebemos que existe uma pressão significativa das indústrias extrativas em áreas protegidas especificamente, mas em áreas de conservação de forma mais ampla”, disse Tchoumba.
As indústrias extrativas representam um setor economicamente poderoso. As áreas protegidas enfrentam, portanto, uma assimetria de recursos e investimentos, e estão em desvantagem nos debates sobre política de desenvolvimento económico, refere o relatório.
Vários países da região, como o Chade e a República Centro-Africana, estão, de acordo com a ONU, entre os países mais pobres do mundo.
“Isto significa esquecer a importância da biodiversidade para o desenvolvimento sustentável”, indicou o investigador Charles Doumenge, o primeiro editor científico do relatório.
“Sabemos, por exemplo, que manter uma boa cobertura florestal melhora a fertilidade do solo e aumenta a pluviosidade, o que protege o setor agrícola e, portanto, a segurança alimentar de uma região”, acrescentou.
Em vez de se oporem à conservação e ao desenvolvimento, os autores do relatório propõem reforçar a gestão dos impactos das indústrias extrativas, proibindo-as em certas áreas ricas em biodiversidade e permitindo-as em outras áreas, mediante condições estritas apontadas por estudos de impacto ambiental.
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