Não falta magia a esta estrutura, que nos é tão estranhamente familiar. Foi destaque em Cosmos: uma viagem pessoal, magistralmente narrada por Carl Sagan, no início dos anos 1980. É também dali que, mais de 20 anos depois, no filme Contacto, inspirado no romance do mesmo conhecido astrofísico e divulgador científico, a personagem principal aparece a trabalhar no programa SETI (sigla que significa Search for Extraterrestrial Intelligence, ou busca por vida inteligente fora da terra).
Mas esse foi só um entre muitos outros filmes que transformaram aquele lugar mágico num cenário cinematográfico. Nem James Bond, o mais famoso agente secreto ao serviço de sua majestade, resistiu a passar por ali. E em 1995, o clímax de Golden Eye é filmado na famosa antena. Já mais a sério, há uma famosa mensagem conhecida pelo nome Arecibo que foi enviada para o espaço no já longíquo ano de 1974. O objetivo era transmitir, a uma possível civilização extraterrestre, informações sobre o planeta Terra e a civilização humana.
Erguido em plenos anos 1960, no auge da corrida espacial, o observatório de Arecibo, em Porto Rico, é conhecido por ter acolhido, até há poucos anos, o maior radiotelescópio do mundo — epíteto que perdeu para China, em 2016, quando surgiu o FAST. Durante todo este tempo, contribuiu para os mais significativos avanços na investigação espacial. Isto apesar de, de tempos a tempos, ter sido atingido por muitos furacões, tempestades tropicais e até terramotos. O mais recente ocorreu há três anos, e o furacão Maria provocou tamanhos estragos que as reparações ainda decorrem. Agora, voltou a fechar portas, depois de se ter partido um cabo que ajudava a suportar a plataforma metálica. Toda e qualquer observação está interrompida durante pelo menos duas semanas.
Mais de meio século a ajudar a ciência de todo o mundo
Quando aquele cabo caiu, durante a noite de segunda-feira, provocou também danos na famosa Cúpula Gregoriana, ou refletora, e ainda a plataforma usada para lá chegar. “Temos uma equipa de peritos a avaliar a situação”, disse já Francisco Cordova, o diretor do observatório, em comunicado divulgado pela Universidade Central da Florida (UCF), que gere o equipamento. “O nosso objetivo é garantir a segurança do nosso pessoal, proteger as instalações e o equipamento. E rapidamente restaurar as instalações para operações completas o mais rapidamente possível, para que possa continuar a ajudar os cientistas em todo o mundo”. Como o tem feito neste mais de meio século. Nas mais diversas áreas de investigação, das ciências atmosféricas às planetárias, radioastronomia e ainda astronomia por radar.