Chama-se Shinjiro Koizumi, é um dos favoritos do público para suceder ao primeiro-ministro Shinzo Abe e prepara-se para ser o primeiro membro do país a tirar uma licença de paternidade – medida progressista já muito aplaudida. Aos 38 anos, fez saber em conferência de imprensa esta quarta-feira, 15, que vai tirar duas semanas inteiras de licença, num prazo de três meses, na medida em que isso não interfira nos seus deveres ministeriais. Será o seu primeiro filho, segundo avançaram os media locais, e deve nascer este mês.
“Não podemos apenas aprovar as leis. Temos também de dar o exemplo. Caso contrário, o número de funcionários públicos que tiram licença de paternidade não aumentará”
Shinjiro Koizumi, ministro do ambiente do japão, sobre a licença de paternidade
A decisão daquele que é um dos mais jovens membros do governo japonês é histórica porque representa um enorme passo para aliviar o fardo das mulheres nas famílias, encorajando mais homens a fazê-lo – afinal, aquilo que há algum tempo se tem vindo a tornar um direito e um dever, no mundo desenvolvido, raramente é usado pelos homens no Japão. E chamou de tal forma a atenção do público que, entre os tópicos mais populares do Twitter no Japão, esta quarta-feira, estão, é claro, as expressões “Ministro Koizumi” e “licença para cuidar de crianças”.
Filho de um antigo primeiro ministro – e irmão mais novo de um conhecido ator no seu país – Koizumi começou por chamar as atenções desde que anunciou o seu casamento com uma conhecida apresentadora de televisão, Christel Takigawa, em agosto passado, e no mês seguinte se viu nomeado ministro do ambiente do governo japonês.
Agora, não teve qualquer pudor em criticar abertamente o estigma criado em torno da licença de paternidade, anuindo que tanto alarido por uma decisão que deveria ser perfeitamente normal é um sinal de que o Japão é “intransigente e antiquado”.
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Por lei, os pais japoneses podem estar um ano de licença, mas estar sem trabalhar durante tanto tempo é visto como um tabu. Apenas 6 por cento dos pais gozam alguns dos dias a que têm direito e, entre aqueles que o fazem, cerca de 60 por cento está de volta ao local de trabalho dentro de duas semanas, segundo dados do Ministério da Saúde do Japão. Por seu lado, mais de 80 por cento das mães trabalhadoras gozam a licença e só regressam 10 a 18 meses depois.